Aqui você encontrará informações sobre as 111 lendas do projeto Monstruário - O Universo Extraordnário das Criaturas Lendárias, projeto transmidiático criado pelo cineasta Jose Padilha

Acutipupu


Acutipupu é uma criatura singular. De acordo com a tradição, o Acutipupu é simultaneamente homem e mulher, habitando a Serra do Japó. Quando assume a forma feminina, o Acutipupu dá à luz filhas de uma beleza deslumbrante, comparável às estrelas. Por outro lado, quando se encontra com um corpo masculino, ele fecunda as mulheres, resultando em filhos fortes e corajosos, radiantes como o sol.

Sob a forma de mulher, o Acutipupu teve uma filha com Uaiú, um índio que impunha a lei de Jurupari na região. A menina, chamada Erem, destacava-se por sua grande beleza. No entanto, quando Uaiú desejou fazer amor com sua própria filha, Erem recusou-se e fugiu para escapar do pai. Ela encontrou refúgio em uma tribo liderada por Cancelri, e os dois acabaram se casando.

Infelizmente, Uaiú não desistiu de seu objetivo e declarou guerra a Cancelri, resultando na morte de todos os membros dessa aldeia e na perda da filha querida do Acutipupu.

Curiosamente, a lenda do Acutipupu não é amplamente conhecida, e não existe uma Serra do Japó. Acredita-se que a palavra “Acutipupu” seja uma corrupção do termo Japi, referindo-se à serra localizada no estado de São Paulo.

Essa história fascinante nos lembra da riqueza e diversidade do folclore brasileiro, repleto de criaturas míticas e narrativas intrigantes.

Ahó Ahó

Ahó Ahó é uma criatura monstruosa que devora pessoas.

Um ser que vive no Sul do Brasil.

fundida pelos padres jesuítas durante o período das Missões entre os índios guaranis.

Diz-se que o Ahó Ahó se assemelha a uma ovelha, mas com grandes chifres. Ele espreita os homens para devorá-los. Alguns habitantes da região  dizem que ele parece um  grande cachorro peludo que solta fumaça pela boca.

Os Ahó Ahó costumam andar em bando e se comunicam entre si com o som “ahó ahó”. Eles caçavam os desavisados que vagavam longe das reduções mantidas pela Companhia de Jesus. A única solução para escapar do Ahó Ahó é subir numa palmeira, considerada sagrada por fornecer as palmas que aclamaram Jesus no Domingo antes da Páscoa.

Se a vítima subir em uma árvore de espécie diferente, o Ahó Ahó cava as raízes até derrubar a árvore e devorar sua presa.

Curiosamente, essa lenda se estende por todo o território pertencente aos guaranis, que inclui Paraguai, Bolívia, Argentina e Brasil.

Alamoa

A Alamoa é uma linda mulher branca, com cabelos loiros e estatura alta. Ela reside no Pico, localizado no morro de mesmo nome.

Nas noites escuras, a Alamoa sai completamente nua para seduzir os homens que cruzam seu caminho. Os passantes não conseguem resistir aos seus encantamentos e a seguem enfeitiçados até sua morada.

O Enigma do Pico: Quando os homens vencem os 323 metros de altura do Pico, a Alamoa se transforma em uma caveira. Ela aprisiona o infeliz que a acompanhou, e as joga do penhasco.

A magia da Alamoa só pode ser quebrada pela luz dos raios, pois ela os teme e precisa fugir de volta para sua escura caverna.

Sextas-Feiras e Tesouros: Alguns dizem que a Alamoa só deixa sua casa às sextas-feiras.

Sob o pretexto de precisar de ajuda para encontrar um tesouro, ela convida os homens para entrar.

Uma vez dentro, ocorre uma transmutação, e o imprudente nunca mais é visto.

Significado da Palavra “Alamoa”: A palavra “Alamoa” é uma corruptela do feminino da palavra “alemão”. Para os habitantes do Nordeste brasileiro, uma mulher com essas características físicas só poderia ser alemã.

Alma de Gato

Alma-de-gato é uma  misteriosa ave desperta curiosidade e medo em igual medida.

A alma-de-gato é uma ave vistosa, com plumagem exuberante, olhos avermelhados e tamanho avantajado. Ela mede praticamente meio metro, sendo sua cauda comprida responsável por dois terços desse tamanho. Carnívora por natureza, a alma-de-gato se alimenta de gafanhotos, lagartas (incluindo as taturanas), aranhas, lagartixas e até mesmo camundongos.

Sua presença é essencial para o equilíbrio do ecossistema, ajudando a controlar populações excessivas de pragas como lagartas e gafanhotos, evitando danos às árvores nativas e culturas agrícolas

Na Amazônia, a alma-de-gato é conhecida como chincoã ou tincoã, que significam “pássaro-feiticeiro”.

Seu canto é fatídico: basta escutá-lo para que os dias da pessoa estejam contados. Além disso, ela é chamada de alma-perdida, alma-de-caboclo e uirapagé.

Parentesco e Mistério: Pertencente à família dos cucos (Cuculidae), a alma-de-gato é parente do anu-branco, anu-preto, diversos papa-lagartas e até mesmo do lendário saci. O desconhecimento sobre essa ave contribui para sua aura de mistério e fascínio.

Almas dos Escravos ou Cerro das Almas

Cerro das Almas, situado no município gaúcho de Capão do Leão, é envolta em mistério e histórias intrigantes.

A origem do Nome "Cerro das Almas" possui diversas versões sobre a origem de seu nome.

Uma delas sugere que lá existe um cemitério de escravos que foram mortos por castigos de seus senhores durante tentativas de fuga.

Outras variações afirmam que o local era um cemitério indígena e não de escravos.

Além disso, há relatos de que os túneis do cerro foram usados pelas tropas portuguesas na época em que expulsaram os espanhóis da região.

Exploração e Mistério: Aventureiros que adentraram as cavernas do Cerro das Almas relatam experiências intrigantes.

Diz-se que é impossível adentrar profundamente nas entranhas do cerro, pois nem fogo nem lanterna permanecem acesos.

A falta de oxigênio ou algum tipo de magnetismo parece impedir a exploração completa.

Riquezas e Histórias: Moedas do Império já foram encontradas na região. Conta-se que muito ouro português está escondido dentro das cavernas. Uma rocha em formato de dedão (ponto turístico) servia como referência para localizar o esconderijo de riquezas e armas.

Assim, o nome “Cerro das Armas” pode ter sido reconfigurado por erro de pronúncia para “Cerro das Almas”.

Amazonas

As Amazonas são filhas do deus da guerra. Herdaram sua audácia e coragem.

Características das Amazonas: As Amazonas removiam um dos seios para melhor manusear o arco, deixando o outro para amamentar seus filhos.

Se nascessem meninos, eram impiedosamente sacrificados.

Encontro com os Espanhóis: Em 1540, o aventureiro hispânico Francisco Orellana explorou a América do Sul. Ele avistou mulheres semelhantes às Amazonas, conhecidas pelos indígenas como Icamiabas (significando “mulheres sem marido”). Essas guerreiras atacaram a esquadra hispânica, derrotando os europeus com arcos e flechas.

Território e Sociedade das Icamiabas: As Icamiabas viviam em aldeias edificadas com pedras, conectadas por caminhos que elas cercavam. Cobravam pedágio dos que atravessavam essas estradas.

Lideradas por uma cunhã virgem, reproduziam-se capturando indigenas de aldeias subjugadas.

Confusão de Nomes: Os espanhóis, ao se depararem com essas guerreiras, confundiram-nas com as lendárias Amazonas gregas. Batizaram o rio onde as encontraram de Rio de Las Amazonas, perpetuando o nome na floresta e no maior estado brasileiro.

Assim, dessa pequena confusão nasceram os nomes do Rio Amazonas, da Floresta Amazônica e do Estado do Amazonas, todos associados a essa miragem hispânica.

A história das Amazonas ocorreu em terras brasileiras, mas são mais disseminadas em outros países,  por causa da associação com ouro e prata, que despertava a cobiça dos europeus

Amorosa

Difundida na região da Bacia Hidrográfica do Rio Macabu, especialmente no município de Conceição de Macabu, no interior do estado do Rio de Janeiro, Ipojucam e Jandira eram indígenas sacurus que viviam em diferentes aldeias.

Ipojucam, um caçador habilidoso, habitava a parte alta da região, onde os rios Carukango e Vermelho se encontravam.

Jandira, conhecida por suas redes e cestas de palha feitas com folhas secas de macaúba, vivia na parte baixa, onde um grande bambuzal ainda existe.

Encontro e Amor: Desde jovens, Ipojucam e Jandira se conheciam, brincando entre as pedras do rio e se banhando na cachoeira. Ela fazia belos cestos de caça para ele, e ele trazia os mais diversos animais como presente.

O Encontro com o Curupira: Um dia, Ipojucam encontrou um estranho rastro e seguiu-o até um imenso tronco oco. Lá dentro, dormia um ser peculiar, parecido com um pequeno indiígena, mas cabeludo e com os pés voltados para trás.

Esse ser era o Curupira, defensor da mata e dos animais. Ipojucam o acordou e conversou com ele.

O Desafio e a Cachoeira Amorosa: Anhangá, o maligno deus da morte dos sacurus, desafiou Ipojucam para uma luta de caça. Ipojucam derrotou uma onça branca enviada por Anhangá.

No entanto, Anhangá, humilhado, transformou-se em uma tromba d’água e arrastou Jandira e Ipojucam para as profundezas da cachoeira. A cachoeira passou a ser chamada de “Amorosa”.

Assim, a Lenda da Amorosa nos envolve com seu romance, desafios e a força da natureza, perpetuando-se como parte do rico folclore fluminense.

Anhangá

O Anhangá é uma figura enigmática reverenciada como protetor das matas, dos rios e dos animais selvagens. Ele é um espírito poderoso, presente na cosmovisão de diversos povos originários do Brasil.

Origem e Representação: O Anhangá é frequentemente retratado como um veado enorme, de coloração branca, olhos vermelhos como o fogo e chifres pontudos.

Suas habilidades incluem a capacidade de transformar-se em outros animais para proteger o meio ambiente, assumindo formas como tatu, boi ou pirarucu.

Como ser humano para afugentar caçadores e madeireiros da floresta.

Protetor dos Animais: O Anhangá é conhecido por punir caçadores que maltratam os animais ou exploram a natureza. Relatos descrevem punições como pauladas invisíveis, chifradas e coices.

Alguns caçadores também caíam no encanto de ilusões mágicas, perdendo-se na mata e desaparecendo para sempre.

Agradando o Anhangá: Para obter sua proteção, é possível oferecer-lhe aguardente ou fumo de rolo. Queimar castanhas de caju ou fazer cruzes com madeiras da floresta também afasta o Anhangá. Tudo depende do comportamento do caçador, pois nada funcionaria se ele desrespeitasse a natureza.

Em síntese, o Anhangá é uma entidade misteriosa, ligada à preservação da natureza e à punição daqueles que a desrespeitam.

Arranca Línguas

Associado à região do Araguaia o Arranca-Línguas se assemelha a um gorila, mas não é exatamente um gorila. Ele também parece um homem, mas não é totalmente humano.

Habitando as matas da região do Araguaia, o Arranca-Línguas é  muito maior do que um ser humano.

Sua preferência alimentar é bizarra: ele adora comer línguas – sejam de cabras, cavalos, bois ou até mesmo de pessoas.

Durante a noite, o Arranca-Línguas ataca a boiada, retirando apenas as línguas dos animais para seu banquete.

Quanto aos humanos, a lenda diz que ele só arranca a língua dos homens que são ladrões de gado.

A região do Araguaia ficou despovoada por muito tempo devido ao medo que as pessoas tinham desse monstro, apelidado de “King Kong goiano”.

Aqueles que afirmam ter visto o Arranca-Línguas descrevem-no detalhadamente, mesmo que nunca tenham enxergado, pois nasceram cegos.

Pelo cheiro que ele exala, conseguem descrever sua altura, peso, cor dos cabelos e olhos, além de sua última refeição.

Barba Ruiva

O Barba Ruiva é associado a região do Araguaia.

O Barba Ruiva é um homem encantado que reside na lagoa de Parnaguá, no estado do Piauí. Ele tem a habilidade de se transformar em menino, moço e velho ao longo do dia.

Abandonado pela mãe ao nascer, o Barba Ruiva se aproxima das moças na esperança de que uma delas quebre o feitiço que o aprisiona.

A história começou com uma senhora viúva que morava com suas três filhas. Uma das filhas, grávida do namorado que havia sumido, decide ter o filho sozinha na mata. Ela coloca o bebê numa bandeja de cobre e o joga no rio.

A Iara, guardiã das águas, indignada com o gesto da mãe, provoca uma grande enchente que dá origem à lagoa de Parnaguá. Os habitantes começam a escutar um choro de bebê vindo do fundo da lagoa.

As lavadeiras veem um menino pela manhã, um homem adulto de barba ruiva à tarde e, ao entardecer, um velho com barba branca.

Esse é o Barba Ruiva, o menino que foi abandonado, mas acolhido pela Iara.

Ele tenta desesperadamente se aproximar de uma moça corajosa para libertá-lo do encanto, jogando água benta sobre sua cabeça.

A origem da lenda do Barba Ruiva mistura tradições indígenas com histórias trazidas pelos portugueses.

Existiu um almirante chamado Barba Ruiva, cujo nome verdadeiro era Khizr Reis, nascido na Grécia em 1470 e falecido no Império Turco em 1456. Ele conquistou e dominou o Mar Mediterrâneo para o Império Turco-Otomano durante o século XVI. A influência dos costumes cristãos também é evidente, já que o encanto só pode ser quebrado com água benta.

Besta-Fera

A Besta-Fera é associada a região do Araguaia.

A Besta-Fera é um ser mítico português e brasileiro.

Ela é uma criatura de traços indefinidos, comedora de gente, e tem um rugido assustador.

No sentido figurado, o termo é usado para se referir a uma pessoa cruel e sem coração.

Acredita-se que a Besta-Fera seja o próprio Diabo, que sai do Inferno em noites de lua cheia para colocar o “sinal da besta” nas pessoas.

Essas pessoas estão marcadas para ir para o Inferno.

A Besta-Fera fazia várias vítimas, principalmente em florestas ou bosques pouco frequentados.

Ela tem o corpo de cavalo e o dorso humano. Corre pelas áreas florestadas até encontrar uma flor vermelha, coberta de sangue, na qual desaparece.

O som de seus cascos é suficiente para aterrorizar as pessoas.

Embora terrível, este homem-cavalo não é tão perigoso para as pessoas.

Diz a tradição que quando alguém vê o seu rosto, enlouquece por vários dias, mas se recupera depois.

Bicho da Fortaleza

É associado ao Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais e na Bahia.

Esse monstro assume diferentes formas e é conhecido por aterrorizar as crianças da região.

Algumas das formas de aparição do Bicho da Fortaleza incluem:

Cachorro Preto e Grande: A mais frequente é a de um cachorro preto e grande que aparece ao entardecer ou depois que a noite cai. Esse cachorro também é descrito como um lobisomem ou um animal peludo desconhecido na nossa fauna, chamado de Lanudo.

Homem Sedutor ou Misterioso: O Bicho da Fortaleza também pode assumir a forma de um homem sedutor ou um personagem misterioso. Esse homem traja uma capa escura e aparece nas noites sem lua.

Comportamento Variado:

O comportamento do Bicho da Fortaleza varia: O que usa capa realiza operações mágicas e seduz mocinhas. O homem comum é reconhecido pelo apetite fabuloso e pela menção aos familiares. O animal consome uma quantidade anormal de alimentos, abate bezerros, ataca cachorros e deixa feridos.

As mães costumam ameaçar as criancinhas com aparições desse monstro se não dormirem cedo.

Bicho-Papão

O Bicho-Papão está presente nas histórias contadas em quase todos os povos do mundo.

No Brasil, ele é conhecido em todas as regiões.

O Bicho-Papão está presente no imaginário de todas as crianças brasileiras. Desde pequenos, ouvimos falar desse monstro que aterroriza as crianças malcriadas e mal-educadas.

Ele tem uma aparência assustadora e aparece no quarto das crianças desobedientes. Fica embaixo da cama, atrás da porta ou dentro do armário para assustá-las enquanto dormem.

Além disso, o Bicho-Papão come as crianças teimosas.

Seu nome deriva do verbo “papar”, sinônimo de “comer”.

As vezes ele permanece no telhado das casas, observando o comportamento das crianças da residência.

O Bicho-Papão é um monstro grande e gordo com olhos vermelhos e tem o poder de mutação e pode se transformar em diversas formas animais.

A história do Bicho-Papão é comum na Península Ibérica (Portugal e Espanha).

Bode Preto

O Bode Preto aparece em encruzilhadas durante a meia-noite.

Ele oferece felicidade em troca da alma das pessoas.

Os interessados devem selar um contrato macabro, assinado com gotas de sangue, para obter seus desejos.

No entanto, é preciso ter fortaleza d’alma, pois o Bode Preto pode pregar peças e trazer consequências inesperadas.

Variações Regionais: Existem várias versões dessa história em diferentes estados do Brasil.

Algumas histórias falam de um bode metamorfoseado, enquanto outras descrevem um homem vestido de ferro.

Boi Vaquim

O Boi Vaquim é um ser mítico com asas e guampas de ouro.

Ele é temido porque chispa fogo pelas pontas das guampas e possui olhos de diamante.

Laçá-lo requer muita coragem, além de um braço forte e um cavalo bom de pata e de rédeas.

Fontes: O historiador Contreira Rodrigues descreveu essa criatura lendária.

Boitatá

O Boitatá é um ser mítico que habita as matas e florestas, especialmente associado à proteção contra incêndios e à preservação da natureza.

Origem e Significado: O termo Boitatá provém da língua Tupi-Guarani e significa “cobra de fogo”.

O Boitatá é uma grande serpente que emite luz própria e protege os animais e as matas das pessoas que causam danos à natureza, principalmente através de queimadas.

Acredita-se que o Boitatá possa se transformar em um tronco em chamas, enganando e queimando os invasores e destruidores das florestas.

No Brasil, existem alguns registros de algumas varuações:

No norte e nordeste, ele vive nos rios e sai para queimar os invasores das florestas.

No sul, a versão prevalecente relaciona-se à história bíblica do Dilúvio, onde as cobras sobreviventes foram castigadas com o fogo.

Curiosidades: A lenda do Boitatá é uma forma de conscientizar sobre a importância da preservação ambiental e do combate aos incêndios florestais. Ele representa a força da natureza e a necessidade de respeito ao meio ambiente.

O Boitatá tem suas raízes na cultura indígena brasileira e é uma das mais fascinantes do folclore do país.

A palavra “Boitatá” vem da língua Tupi-Guarani, onde “boi” significa cobra e “tatá” significa fogo, portanto, "cobra de fogo", 

Em de 31 de maio de 1560, em um relato escrito pelo padre jesuíta José de Anchieta. Ele descreveu o Boitatá como um “facho cintilante” que matava os indígenas assim como os curupiras faziam.

Essa descrição também servia como uma explicação para o fenômeno do fogo-fátuo, uma pequena chama que aparece espontaneamente devido à decomposição de matéria orgânica.

Em algumas regiões do Brasil, o Boitatá é retratado como uma grande serpente de fogo que protege as florestas e os animais, principalmente contra aqueles que causam queimadas.

Em outras, ele é visto como um touro feroz que s olta fogo pela boca.

Um dos "monstros"  brasileiros mais antigos de nossa história, o Boitatá continua a assombrar nossa imaginação até os dias de hoje.

Boiuna

Segundo a tradição, a Boiúna é uma enorme cobra que habita as águas profundas dos rios da região amazônica.

Ela é descrita como uma serpente de tamanho colossal, com poderes mágicos e uma presença imponente na natureza.

A Boiúna pode mudar o curso dos rios, criar animais e até mesmo controlar os elementos da natureza.

Em algumas versões, ela é vista como uma entidade espiritual que ajuda a moldar o mundo. A Boiúna é temida por sua capacidade de afundar embarcações e devorar pescadores, arrastando-os para as profundezas dos rios.

Um aspecto fascinante da lenda é a história dos filhos da Boiúna. Ela teria engravidado uma índia, dando à luz duas crianças: Honorato e Maria Caninana. Ambos possuíam o poder especial de se transformarem em cobra ou ser humano.

Enquanto Maria Caninana era malvada e causava naufrágios, Honorato tinha um bom coração e lutou contra as crueldades de sua irmã.

A lenda conta que para quebrar o encanto e viver como um ser humano, Honorato precisou ser ferido na cabeça por uma lâmina virgem, o que foi feito por um soldado valente.

A Boiúna, também chamada de senhora-das-águas, é uma figura central nas histórias contadas às margens do rio Amazonas e seus afluentes, exercendo uma influência significativa sobre as populações locais.

Ela é uma representação poderosa das forças da natureza e da conexão profunda entre os povos indígenas e o ambiente em que vivem. Essa lenda é um exemplo da rica tapeçaria de mitos e histórias que compõem o folclore brasileiro, refletindo a diversidade cultural e a importância da natureza na vida das comunidades indígenas da Amazônia.

Boto

O boto-cor-de-rosa é um animal inteligente e semelhante ao golfinho que vive nas águas amazônicas, tem a capacidade de se transformar em um jovem belo e elegante.

Nas noites de lua cheia ou durante as festas juninas, o boto sai das águas e se transforma em um homem sedutor, vestido de branco e com um chapéu para esconder o orifício no topo da cabeça, por onde respira, e seu nariz pontudo.

Ele então aparece nas festividades, dança e conquista a moça mais bonita da festa, levando-a para o fundo do rio, onde a engravida e depois a abandona.

Na manhã seguinte, ele retorna à sua forma original de boto.

O Boto é usado para explicar gravidezes fora do casamento, dizendo-se que “a criança é filho do boto” quando é filho de pai desconhecido.

Na cultura popular amazônica, acredita-se que comer a carne do boto pode levar à loucura e ao encantamento.

O Boto é um reflexo da proximidade do povo com as águas da Amazônia e ilustra como as crenças e vivências se entrelaçam com o ambiente natural.

O Boto também é celebrado em rituais e danças folclóricas, como na Festa do Sairé, em Alter do Chão, Pará.

Bradador

O Bradador é especialmente difundido na região centro-sul do país.

O Bradador é descrito como uma alma penada que vive nos campos e que, por não ter pago todos os seus pecados antes de morrer, foi devolvido pela terra.

É muitas vezes associada a uma múmia ou a um espírito que habita um corpo seco, sai vagando pelos matos todas as sextas-feiras, após a meia-noite.

Testemunhas relatam ouvir berros e lamentos aterrorizantes, seguidos de fortes brados, que dão origem ao nome "Bradador".

Para que a terra o aceite de volta, ele precisa encontrar por sete vezes uma moça de nome Maria, e somente assim ele poderá descansar em paz.

A história do Bradador remete às histórias contadas por viajantes solitários e cansados pelo sertão do Brasil. Com fome, frio e fadiga, esses passantes relatavam encontros com criaturas fantásticas, desde a Mula sem Cabeça até os berros do Bradador.

Em Santa Catarina, existe um morro chamado Bradador, na cidade de Garuva, que leva o nome dessa lcriatura. O Bradador é um dos contos mais terroríficos da cultura brasileira e serve como um exemplo fascinante de como o folclore pode ser usado para transmitir mensagens e ensinamentos cultura.

Bruxa de Curitiba

Durante o século 19, um grande navio chegou em Paranaguá, trazendo inúmeros imigrantes que foram para Curitiba trabalhar nas lavouras, formando o bairro de Santa Felicidade.

Entre esses imigrantes, estava uma jovem chamada Constantina e sua mãe, Dona Lola. Dona Lola estava sempre lembrando sua filha de sua descendência “strega”, ou seja, uma linhagem muito antiga de bruxas italianas. Ela dizia para Constantina:

"Você precisa se preparar para a feitiçaria! Afinal, você é uma strega, uma bruxa de descendência italiana. Nunca se esqueça: ninguém se torna uma strega, pois é um dom de nascença e este é o seu destino. O castigo de uma strega que nega o dom é ser moça durante o dia e idosa durante a noite".

Constantina, no entanto, odiava a feitiçaria e acreditava que ser bruxa era invocar o mal. Apesar disso, ela percebia que tinha dons especiais, como se comunicar com os mortos, ter premonições e um grande instinto para curar pessoas1. Sua mãe, contudo, não desistia e levava Constantina para aprender rituais de feitiçaria e bruxaria. Em uma dessas ocasiões, Dona Lola levou sua filha até um cemitério com o objetivo de arrancar defuntos de seus túmulos, o que assustou tanto Constantina que ela fugiu para uma floresta em Campo Largo, onde encontrou uma casa abandonada e ervas curativas.

Constantina usou essas ervas para socorrer uma idosa com o braço quebrado, e logo se tornou famosa na região, com muitas pessoas procurando sua ajuda.

Curiosamente, as pessoas que visitavam sua casa à noite sempre encontravam uma senhora idosa, enquanto durante o dia, apenas a jovem Constantina estava presente.

Um dia, um menino chamado Zé foi buscar ajuda de Constantina para sua mãe doente, mas ao chegar em sua casa ao entardecer, ele viu a jovem se transformar em uma idosa.

O pequeno Zé correu para a vila e contou a todos, espalhando o terror pela região. 

A comunidade ficou aterrorizada com a ideia de que uma bruxa vivia entre eles

Constantina, a jovem acusada de ser a bruxa, nunca mais foi vista novamente.

Bruxas da Praia de Itaguaçu

Um grupo de bruxas, cansadas da rotina diária, decidiu organizar uma festa espetacular na praia de Itaguaçu, que é famosa por seus belos finais de tarde.

Elas planejaram começar a festa ao pôr do sol e continuar pela noite adentro, convidando todos os seus amigos para uma celebração sem precedentes.

A única regra era que o diabo não poderia saber da festa, pois ele era conhecido por ser autoritário e por ter maus costumes.

No entanto, o diabo descobriu o plano das bruxas e, furioso por não ter sido convidado, apareceu na festa cuspindo fogo e lançando maldições. Ele transformou todas as bruxas em pedra, condenando-as a queimar sob o sol eternamente.

Essas pedras, que até hoje podem ser vistas na praia de Itaguaçu, são ditas ser as bruxas petrificadas, e o local é conhecido como o “salão de festas das bruxas de Itaguaçu”. 

Cabeça de Cuia

Crispim, um jovem que vivia nas margens do rio Parnaíba em uma família muito pobre.

Certo dia, Crispim chegou para o almoço e sua mãe lhe serviu uma sopa rala, com ossos, pois carne era frequentemente escassa em sua casa. Revoltado, Crispim discutiu com sua mãe e, no calor da discussão, atirou um osso contra ela, atingindo-a na cabeça e matando-a.

Antes de morrer, sua mãe amaldiçoou Crispim a vagar pelo rio com a cabeça enorme no formato de uma cuia.

Com a maldição, Crispim enlouqueceu e correu para o rio Parnaíba, onde se afogou. Seu corpo nunca foi encontrado, e a lenda diz que ele só se libertará da maldição após devorar sete virgens de nome Maria.

Até hoje, as pessoas mais antigas proíbem suas filhas virgens de nome Maria de lavarem roupa ou se banharem nas épocas de cheia do rio.

Alguns moradores da região afirmam que o Cabeça de Cuia, além de procurar as virgens, assassina banhistas do rio e tenta virar embarcações que passam pelo rio.

Outros também asseguram que Crispim, ou o Cabeça de Cuia, procura as mulheres por achar que elas são sua mãe, que veio ao rio Parnaíba para lhe perdoar. Mas, ao se aproximar e se deparar com outra mulher, ele se irrita novamente e acaba por matar as mulheres.

Caboclo D'Agua

Associado ao rio São Francisco, o Caboclo D’Água, também conhecido como Nego D’Água, é um ser sobrenatural de aparência monstruosa que atormenta pescadores e barqueiros que cruzam seu caminho.

Ele é uma criatura musculosa, troncuda, com pele cor de bronze, baixa estatura e com apenas um olho localizado no meio da testa. Ágil e poderoso, o Caboclo D’Água é capaz de estar em vários lugares ao mesmo tempo e pode se manifestar com a aparência de algum animal.

Não existem relatos claros sobre a origem do Caboclo D’Água, mas ele é conhecido por assombrar os pescadores há muitos anos.

Quando irritado, seu ruído é escutado a grandes distâncias, causando desespero nos habitantes da região. Ele ataca os pescadores, agarrando o fundo das canoas e barcos, movimentando-os até que eles possam virar ou encalhar.

Além de assombrar os pescadores, o Caboclo D’Água também faz de tudo para afugentar os peixes, prejudicando ainda mais a vida da população local.

Contudo, dizem que é possível acalmar o monstro oferecendo um pedaço de fumo, o que o deixa contente e o faz desaparecer por um tempo.

Outra estratégia utilizada pelos pescadores para se proteger é pintar no casco da embarcação uma estrela branca ou esculpir na proa imagens com feições monstruosas, as chamadas carrancas.

O Caboclo D’Água vive em uma gruta profunda rodeada de ouro, e muitas pessoas já perderam a vida na tentativa de descobrir a morada da entidade e pegar todo o seu ouro. Os mais supersticiosos acreditam que só de pensar nisso já é motivo suficiente para o ser curioso atacá-los nas noites.

Cabra Cabriola

Cabra Cabriola é uma história assustadora, com origens na mitologia infantil portuguesa.

Ela foi trazida para o Brasil pelos portugueses e se popularizou especialmente nos estados de Piauí e Pernambuco durante os séculos XIX e XX1.

A Cabra Cabriola é um ser imaginário e monstruoso, conhecido por ser um “papa-meninos”.

Ela é a personificação do medo, frequentemente descrita como um animal de aspecto terrível que devora crianças travessas.

A Cabra Cabriola invadia as casas para pegar e comer as crianças que não obedeciam aos pais.

No Brasil, quando uma criança começa a chorar de repente, é porque a Cabra Cabriola está fazendo outra vítima.

Nesse momento, as pessoas começavam a rezar para proteger os pequenos.

A lenda também era acompanhada por um verso ameaçador que a Cabra Cabriola cantava:

Eu sou a Cabra Cabriola Que como meninos aos pares Também comerei a vós Uns carochinhos de nada.

Caipora

Conhecida por ser a protetora dos animais e guardiã das florestas, a Caipora é uma figura mítica que pode ser representada tanto por um homem quanto por uma mulher, dependendo da região do Brasil.

De origem na mitologia indígena Tupi-Guarani, a palavra “caipora” vem do tupi e significa “habitante do mato”.

A Caipora é uma indígena anã, com cabelos vermelhos e orelhas pontiagudas, e em algumas versões, seu corpo é todo vermelho ou verde.

Ela vive nua nas florestas e tem o poder de dominar e ressuscitar os animais, com o principal objetivo de defender o ecossistema.

A Caipora faz armadilhas e confunde os caçadores com diversos ruídos, oferecendo pistas falsas até que eles se percam na floresta.

Ela também tem o poder de controlar os animais, espantando-os quando sente que algo de mal pode acontecer.

Em outras versões, a Caipora é descrita como um homem baixo, de pele escura e muito peludo, que surge montado num porco-do-mato e sempre tem uma vara consigo.

Curiosamente, a Caipora fuma, e para agradá-la e poder caçar tranquilamente nas florestas, alguns caçadores levam fumo de corda para ela. 

Eles devem deixar o fumo próximo ao tronco de uma árvore. Embora ela permita que eles cacem naquele dia, fica proibido abater fêmeas que estão prenhas

Canhambora

Canhambora é um ser temido e misterioso.

O Canhambora é retratado como um homem grande, de pele escura e aparência assustadora, que rouba crianças e é considerado uma assombração dos negros mortos a pancadas.

Ele também pode ser descrito como uma criatura metade homem e metade cavalo, que agride caçadores e tem cabelos compridos até os pés.

Diz-se que ele tem o poder de ressuscitar animais mortos e matar homens.

A origem do nome “Canhambora” vem do tupi “ca-nhembara”, que significa fugido ou fugitivo.

A lenda pode ter se confundido com “quilombola”, dando origem a várias variantes do nome.

O Canhambora também foi associado a um terrível ladrão de gado, amaldiçoado pelos criadores prejudicados.

Canoa Fantasma

A Canoa Fantasma é uma história misteriosa e fascinante  associada ao rio Tietê, no estado de São Paulo.

A Canoa Fantasma é uma embarcação sobrenatural que carrega as almas dos bandeirantes que morreram afogados.

Diz-se que essas almas aparecem nas margens do rio Tietê ao amanhecer, embarcam na canoa e descem o rio. O objetivo delas é duplo: procurar notícias dos parentes que deixaram para trás e buscar tesouros perdidos.

A canoa, então, desliza silenciosamente pelas águas, muitas vezes vista por pescadores e moradores locais que se assustam com a visão fantasmagórica.

A Canoa Fantasma também está ligada a outras histórias sobrenaturais da região, como o cavalo das almas, que anda pelas estradas em busca de pessoas recém-falecidas esperando nos moirões das porteiras.

Quando as encontra, elas montam em sua garupa e partem juntos para um local desconhecido. 

Cãoera

O Cãoera é uma história intrigante especialmente entre os indígenas Mura.
O Cãoera, também conhecido como Cão-Morcego, é descrito como um morcego gigante e cego, muitas vezes maior que um abutre.

Ele é temido por entrar nas casas à noite para sugar o sangue das pessoas, utilizando um encanto que faz a vítima dormir profundamente enquanto é devorada.

O Cãoera tem garras afiadas que usa para atacar suas vítimas, e possui a habilidade de mudar de forma, podendo se transformar em outros animais, como o Antaera e o Gatoera.

Quando mata vítimas mágicas ou outros animais, diz-se que ele adquire as habilidades dessas criaturas, como o dom de cura ou visões, embora continue cego.

Quando um Cãoera é assassinado, seu terceiro filhote se torna seu sucessor e adquire resistência ao que matou seu pai ou mãe, ganhando novas habilidades.

As principais fraquezas do Cãoera são a luz solar e a luz elétrica.

Capelobo

O Capelobo, um ser fascinante e assustador, muito comum na região Norte do Brasil, especialmente nos estados do Maranhão, Amazonas e Pará.

Acredita-se que tenha oorigens entre os povos indígenas da região.

O Capelobo é descrito como um ser monstruoso, uma mistura de humano e animal.

Ele possui a cabeça e o focinho de um tamanduá-bandeira (ou de cachorro ou de anta, dependendo da versão), um corpo humano forte e patas redondas com muitos pelos.

É muito rápido e vive correndo pelas matas próximas aos rios e em regiões de várzeas.

O Capelobo tem uma vida ativa durante a noite e madrugada, quando fica perambulando e rondando barracões, casas e acampamentos no meio da mata.

Emitindo sons assustadores, este monstro se alimenta de cães e gatos, principalmente os recém-nascidos. Ataca também os caçadores, matando-os e bebendo o sangue das vítimas.

O Capelobo é um predador voraz que se alimenta principalmente de cérebros humanos, que ele extrai com seu focinho longo.

Para matar essa criatura monstruosa só existe uma forma: um tiro certeiro em seu umbigo.

O Capelobo possui semelhanças com Lobisomem, e em algumas aldeias indígenas da região do rio Xingu, acredita-se que alguns indígenas possuem a capacidade de se transformarem em Capelobo.

Caramuru

Caramuru, Diogo Álvares Correia, um náufrago português que chegou ao Brasil no início do século XVI, por volta de 1510, após seu navio naufragar próximo à região do Rio Vermelho, na Baía de Todos os Santos, Diogo Álvares foi o único sobrevivente e acabou sendo recebido pelos Tupinambás, uma aldeia local.

Os indígenas deram-lhe o apelido de Caramuru, que significa “moreia” ou “filho do trovão”, dependendo da interpretação. Isso se deveu ao fato de que ele teria disparado uma arma de fogo, causando grande espanto entre os Tupinambás, que nunca haviam visto tal feito.

Caramuru viveu entre os indígenas, aprendendo seus costumes e estabelecendo uma posição de destaque. Ele se casou com Paraguaçu, uma indígena da aldeia, que mais tarde seria batizada na França sob o nome de Catarina Álvares Paraguaçu.

Juntos, eles tiveram filhas que se casaram com nobres portugueses, dando origem a algumas das famílias mais tradicionais da Bahia.

A figura de Caramuru é vista como um interlocutor entre os indígenas brasileiros e os colonizadores portugueses, facilitando o contato e a relação entre as duas culturas.

A história de Caramuru é celebrada na literatura, como no “Poema Épico do Descobrimento da Bahia”, e ele é considerado o fundador do município baiano de Cachoeira.

A lenda de Caramuru é um exemplo da rica tradição oral do Brasil e da maneira como as histórias folclóricas são usadas para transmitir mensagens e ensinamentos culturais, além de refletir a relação profunda entre as pessoas e a história do país.

Casa das 365 Janelas

No século XIX, em Goiás, o comendador Joaquim Alves de Oliveira, uma das figuras mais proeminentes e ricas da região, mandou construir um casarão monumental com 365 janelas, uma para cada dia do ano.

O casarão, também conhecido como o Palacete do Comendador, era uma construção imensa em forma de “H”, com cerca de 30.000 metros quadrados de área construída.

Tinha dois pavimentos com paredes de adobe, janelas de madeira, baldrames, vigas e esteios de aroeira sobre alicerces de pedra, seguindo o estilo arquitetônico colonial da época.

No pavimento inferior, havia amplos salões de recepção, salões para reuniões, escritórios, cozinhas e áreas de serviços. No pavimento superior, um extenso salão para baile, cômodos para hóspedes e a residência particular do Comendador.

Após a morte do Comendador, que não deixou herdeiros, a população demoliu a casa em busca das famosas garrafas de ouro ou algum tesouro escondido.

As peças de madeira, esteios e janelas foram utilizadas para a construção de várias casas nas adjacências, e é possível ouvir os passos do Comendador pelas ruas buscando partes de sua antiga casa.

Cavalo das Almas

O Cavalo das Almas é um animal milagroso que percorre as estradas do estado de São Paulo e adjacências à procura dos mortos recentes.

As almas dos falecidos esperam por ele nos moirões das porteiras, e quando o encontram, montam em sua garupa e partem juntos para um local desconhecido.

O Cavalo das Almas é visto como um guia das almas, levando-as para o céu ou inferno, dependendo das crenças locais.

É um cavalo translúcido ou invisível, que aparece para alertar sobre a morte de entes queridos ou para levar as almas para o pós-vida.

Antigamente, acreditava-se que ele trazia mau agouro, mas geralmente ele só aparece para alertar as pessoas.

Durante a Quaresma, período do ano litúrgico que antecede a Páscoa cristã, o Cavalo das Almas passa galopando perto da janela do quarto onde dorme o descrente.

Embora muitos afirmem ter ouvido o fenômeno, ninguém jamais viu o misterioso cavalo, apenas rastros deixados no solo.

As pessoas acreditam que o cavalo é invisível, sendo um recado de Deus para respeitar os sofrimentos de seu filho Jesus Cristo.

Cavalo Invisível

O Cavalo Invisível é criatura mística e popular na região Sudeste.

Durante a Quaresma, um cavalo invisível passa galopando perto da janela do quarto de indivíduos descrentes como um recado de Deus.

A mensagem é um lembrete para que o sofrimento de Jesus Cristo seja respeitado da maneira correta.

Apesar do barulho do galope ser ouvido e rastros serem deixados por onde ele passa, o cavalo jamais foi visto.

Os mais velhos dizem que ninguém consegue ver o Cavalo Invisível, mas conseguem sentir sua presença como um aviso divino para o povo. 

Cavalo D'Agua

O Cavalo D’Água é uma criatura mitológica que habita uma caverna de ouro1 nas águas profundas do o rio São Francisco. 

Os nativos descrevem o Cavalo D’Água como um ser gigante e musculoso.

Ele é conhecido por virar embarcações, causar tempestades ou criar correntezas fortes para punir aqueles que poluem os rios ou pescam de maneira irresponsável.

Por outro lado, ele pode ajudar e guiar aqueles que respeitam e protegem o ambiente natural.

Para afastar o Cavalo D’Água, os pescadores adotam algumas estratégias, como construir na proa de seus barcos figuras monstruosas chamadas “carrancas” ou pintar uma estrela no fundo do barco, acreditando que isso assusta os seres sobrenaturais.

Algumas pessoas tentaram chegar à habitação da caverna para conquistar o ouro, mas nenhum deles sobreviveu.

Chandoré

Da mitologia tupi-guarani, Chandoré era um ser poderoso e divino, enviado com o propósito de punir aqueles que desafiam os deuses e que foi enviado para matar o indígena malvado Pirarucu.

Pirarucu havia desafiado Tupã, a divindade suprema do panteão tupi-guarani1.

No entanto, Chandoré fracassou em sua missão, pois Pirarucu, ao perceber que seria derrotado, jogou-se no rio.

Como castigo por seu desafio, o indígena foi transformado no peixe que hoje leva o seu nome, o pirarucu, que é um dos maiores peixes de água doce do mundo.

Chibamba

O Chibamba é uma história  com origens no sul de Minas Gerais, que faz parte do ciclo de assombrações criadas para assustar crianças.

O Chibamba é um fantasma que amedronta as crianças que choram, as teimosas e as malcriadas, especialmente aquelas que resistem em ir para a cama cedo.

Este ser é descrito como uma espécie de Bicho Papão mineiro, cujo único papel conhecido é adormecer as crianças pelo medo.

Ele anda envolto em longa esteira de folhas de bananeira, ronca como se fosse um porco, e dança de forma compassada, dando pequenos passos enquanto caminha.

Às vezes, em meio à sua peculiar caminhada, dá uma paradinha seguida de um giro.

O nome “Chibamba” é de origem africana, especificamente Bantu, e teria como significado uma espécie de canto ou dança africana, como o Lundu.

A presença do Chibamba nnas histórias brasileiras é um reflexo da influência africana na cultura do país, especialmente nas tradições festivas e folclóricas onde se dança vestindo elaboradas roupas feitas de folhas, ramos e galhinhos de plantas locais. 

Chupacabra

Originário de Porto Rico na década de 1990, o nome “Chupacabra” significa literalmente “sugador de cabras” em espanhol, e a criatura é assim chamada devido aos relatos de animais encontrados mortos com marcas de dentes no pescoço e o corpo drenado de sangue.

A descrição mais comum do Chupacabra é a de uma criatura bípede, com cerca de um metro e meio de altura, olhos grandes, espinhos nas costas e longas garras.

Há relatos que o descrevem como um ser semelhante a um alienígena, enquanto outros o comparam a um animal parecido com um cachorro, mas sem pelos.

Relatos sobre aparições de Chupacabrase  espalharam rapidamente por toda a América Latina e o sul dos Estados Unidos, com relatos de aparições e ataques a animais rurais.

No Brasil, a lenda ganhou notoriedade na década de 1990, com uma série de reportagens televisivas que levaram a uma onda de supostas aparições da criatura por todo o país.

Apesar de sua fama, a existência do Chupacabra nunca foi comprovada cientificamente, e muitos acreditam que os relatos podem ser explicados por ataques de animais selvagens ou doenças que causam a perda de sangue em animais de criação.

OChupacabra continua a fascinar e aterrorizar pessoas ao redor do mundo, sendo um exemplo vívido de como mitos modernos podem se espalhar e se enraizar na cultura popular. 

Cidade de Jericoacara

O originária do Ceará, Cidade Encantada de Jericoacoara é uma das mais mágicas e misteriosas histórias contadas pelos brasileiros.

Escondida ao norte do farol de Jericoacoara, existe uma cidade encantada, repleta de palácios e tesouros inimagináveis.

A entrada para essa cidade mística fica em uma caverna que só se torna visível durante a maré baixa, protegida por um portal de ferro que impede a entrada de intrusos.

Aqueles que conseguem chegar ao portão relatam ouvir sons estranhos, como cantos de galos, trinados de pássaros, balidos de carneiros e gemidos.

No coração dessa cidade vive uma linda princesa, cujo corpo foi transformado em uma serpente com escamas de ouro por um feiticeiro malvado. Apenas seu rosto e seus pés permaneceram humanos.

Para quebrar o feitiço, é necessário desenhar uma cruz no corpo da serpente com sangue humano. Quando isso acontecer, a princesa voltará à sua forma original, e os palácios e torres do castelo surgirão para que todos possam ver.

Até hoje, a princesa espera o herói que irá salvá-la e revelar a cidade encantada ao mundo.

Cigana da Estrada

A Cigana da Estrada é uma história rica em simbolismo e misticismo, é uma entidade conhecida por sua beleza marcante, liberdade de espírito, ousadia e desafio aos padrões, tornando-a poderosa nas esferas da sedução, do amor, das finanças, da purificação de trajetos e da limpeza espiritual.

Ela é equiparada a uma versão feminina do Exu, desempenhando o papel de intermediária entre o mundo humano e o divino, manifestando-se no plano terreno através da incorporação.

A Cigana da Estrada trabalha pelo amor genuíno, irradiando um brilho especial sobre aqueles que buscam sua ajuda.

Suas características são notáveis e intrigantes. Ela possui uma deslumbrante beleza, capaz de atrair olhares com sua sensualidade magnética. Seu sorriso encantador, olhar cativante e personalidade única completam sua aura irresistível.

Além disso, a Cigana da Estrada possui uma conexão intrínseca com a cultura cigana, expressa em seus trajes tradicionais, como vestidos vermelhos com saias amplas, e em sua afinidade pelas cores preto e vermelho.

Ela é particularmente eficaz na resolução de questões comerciais e na remoção de obstáculos, desempenhando um papel importante na abertura e desobstrução de caminhos. Sua energia é valiosa no processo de descarrego espiritual.

Para estabelecer uma conexão com essa poderosa entidade, costuma-se apresentar oferendas e fazer pedidos nas áreas das estradas de terra, de preferência às segundas-feiras.

A Cigana da Estrada atenderá com prontidão e eficácia se os pedidos que forem formulados com fé e respeito, prontificando-se a trazer sua influência positiva e orientação aos que a buscam. 

Cobra Grande

Especialmente popular nas regiões Norte e Nordeste do país, a Cobra Grande,parente próxima da Boiúna e Cobra Honorato, é uma serpente gigantesca que habita as profundezas dos rios e lagos da Amazônia.

Com olhos luminosos e um tamanho assustador, ela é capaz de aterrorizar aqueles que a encontram.

Existem várias versões dessa lenda, mas uma das mais comuns conta a história de uma indigena de uma aldeia amazônica que ficou grávida da cobra Boiúna.

Ela deu à luz dois gêmeos que nasceram com aparência de cobras: o menino foi chamado Honorato e a menina, Maria Caninana.

A mãe, assustada com a aparência de seus filhos, lançou-os no rio. Enquanto Honorato era bondoso e visitava sua mãe, Maria guardava rancor e nunca a visitou, preferindo assustar a população e causar naufrágios.

Cansado das maldades de sua irmã, Honorato decidiu matá-la para acabar com o sofrimento das pessoas. Em noites de lua cheia, Honorato podia assumir forma humana e caminhar pela terra.

Para quebrar o encanto e transformá-lo permanentemente em humano, era necessário ferir a cobra na cabeça e colocar leite em sua boca. Contudo, ninguém tinha coragem de enfrentá-lo em sua forma de cobra, até que um soldado corajoso conseguiu libertar Honorato da maldição.

Cobra Norato

Cobra Norato é um dos mitos mais ricos do folclore amazônico, que mistura elementos de outras lendas regionais como a do boto e a da Cobra Grande.

Uma indígena tapuia da região amazônica engravidou de um boto e deu à luz gêmeos, que eram cobras.

O menino foi chamado de Norato e a menina de Maria Caninana1. Norato era uma cobra de bom coração, gentil e forte, enquanto sua irmã Maria Caninana era malvada e violenta, gostando de assustar as pessoas e causar naufrágios. Norato, por outro lado, ajudava as pessoas e evitava que os barcos afundassem.

Norato precisava passar lama pelo corpo para manter sua forma humana durante a noite, simbolizando sua ligação com a terra e a natureza.

À noite, ele se transformava em um belo homem e ia às festas para dançar e namorar. Ao amanhecer, voltava a ser cobra e retornava para a vida nos rios.

Para quebrar o encanto de Norato e transformá-lo permanentemente em humano, era necessário um pouco de leite de mulher e um pedaço de ferro virgem.

Um soldado, amigo de Norato, decidiu ajudá-lo. Jogou o leite na cabeça da cobra e a feriu com um machado de ferro virgem. Norato então emergiu como um belo moço e queimou o couro da cobra, vivendo até ficar velho em uma cidade do interior do Pará.

Comadre Fulozinha

Comadre Fulozinha é conhecida como uma feroz guardiã das florestas, especialmente na Zona da Mata de Pernambuco, mas sua presença também é sentida em regiões próximas no nordeste brasileiro.

Comadre Fulozinha é frequentemente descrita como uma criança ou uma mulher com longos cabelos pretos, que usa seus poderes para proteger a natureza.

Ela é zombeteira e pode ser tanto malvada quanto prestimosa, dependendo de como é tratada. Entre suas travessuras, ela é conhecida por trançar as crinas de cavalos, abrir porteiras de fazendas e desorientar caçadores com seu assobio potente.

O assobio de Comadre Fulozinha é emblemático: se estiver alto, significa que ela está longe; se estiver baixo, ela pode estar bem perto. Para aqueles que entram na floresta com intenções ruins, como machucar os animais, ela mostra sua fúria, usando cipós como chicote para ensinar uma lição.

Para ganhar a simpatia da Comadre Fulozinha, diz-se que se deve deixar oferendas na entrada da mata, como um pote de mingau, mel, confeitos ou fumo. Esses presentes podem fazer com que ela desfaça os nós que faz nos animais e ajude o caçador a encontrar sua presa ou a sair da mata.

Corpo Seco

O Corpo Seco é uma das histórias mais sombrias e moralizantes Brasil, conhecida em várias regiões do país, como Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e no nordeste.

O Corpo Seco era o espírito de um homem que cometeu pecados imperdoáveis durante a vida. Tão terríveis eram seus atos que, após sua morte, nem Deus, nem o diabo e nem a própria terra quiseram aceitar seu espírito ou corpo.

A terra chegou a rejeitar seu corpo, não permitindo que ele fosse enterrado.

Com isso, o Corpo Seco foi condenado a vagar eternamente, assombrando as estradas e florestas. Ele se gruda nos troncos das árvores, que secam quase imediatamente ao seu toque.

À noite, ele assombra as pessoas que passam pelas estradas, agarrando-se a elas e sugando-lhes o sangue até que outra pessoa apareça para salvar a vítima.

É um aviso para aqueles que desrespeitam os pais ou não cumprem suas promessas, ensinando sobre as consequências de atos ruins e a importância do respeito e da palavra dada.

O Corpo Seco é associado a um homem que não cumpriu uma promessa feita a Nossa Senhora Aparecida, e hoje, ele ainda pede carona para Aparecida do Norte, desaparecendo misteriosamente antes de chegar ao destino.

Cramulhão

Cramulhão, também conhecido como Diabinho da Garrafa ou Famaliá, é uma história carregada de elementos sobrenaturais e moralizantes.

O Cramulhão é uma criatura que nasce de um pacto feito com o diabo.

A pessoa que deseja riqueza ou poder faz um acordo com o diabo, prometendo servir-lhe em vida e entregar-lhe a alma após a morte.

Para selar o pacto, é necessário obter um ovo especial, não um ovo comum de galinha, mas um ovo fecundado pelo próprio diabo.

Em algumas regiões do Brasil, acredita-se que o Cramulhão pode nascer de uma galinha fecundada pelo diabo, enquanto em outras, acredita-se que nasce de um ovo colocado por um galo.

Esse ovo, do tamanho de um ovo de codorna, deve ser procurado durante o período da Quaresma.

Na primeira sexta-feira após conseguir o ovo, a pessoa deve ir até uma encruzilhada à meia-noite, com o ovo debaixo do braço esquerdo.

Após o horário, retorna para casa e se deita na cama. No fim de aproximadamente 40 dias, o ovo é chocado e nasce o diabinho.

Cuca

A Cuca é uma bruxa velha com aparência assustadora que possui cabeça de jacaré e unhas imensas. Dona de uma voz assustadora, a Cuca rapta as crianças desobedientes.

A bruxa Cuca dorme uma vez a cada sete anos, e por isso, os pais tentam convencer as crianças a dormirem nas horas corretas, pois, do contrário, serão levadas pela Cuca.

A origem da Cuca é originária do folclore galego-português, baseada na criatura “Coca”, que significa “crânio, cabeça”.

A “Coca” é um fantasma ou um dragão comedor de crianças desobedientes que fica à espreita nos telhados das casas, e as rapta depois de fazerem alguma malcriação.

A Cuca  inspirou músicas e apareceu nas artes, como na obra da artista brasileira modernista Tarsila do Amaral, que produziu em 1924 uma pintura baseada nessa personagem, atualmente exposta no Museu de Grenoble, na França.

Cumacanga

Cumacanga, também conhecida como Curacanga, é uma figura misteriosa e assustadora conhecida nos estados do Pará e Maranhão.

A Cumacanga é sempre a concubina de um padre ou a sétima filha de um amor considerado sacrílego.

O mais intrigante é que, durante a noite de sexta-feira, o corpo da Cumacanga fica em casa, mas sua cabeça se separa e sai voando pelos ares como um globo de fogo.

Essa entidade é muitas vezes associada a punições, encantos e até mesmo a indicações de ouro ou outros tesouros escondidos.

A cabeça luminosa da Cumacanga é um elemento comum aos mitos do fogo e tem paralelos com outras histórias indígenas, como as dos caxinauás e panos do território do Acre, que explicam a origem da Lua como uma cabeça que subiu aos céus.

Curupira

O Curupira é uma das mais antigas e conhecidas histórias populares, com origens nos povos indígenas e muito famosa no Norte do Brasil, especialmente no Amazonas e Pará.

O Curupira é retratado como um ser mítico protetor das florestas, que se volta contra todos aqueles que as destruíam, como caçadores e madeireiros.

O Curupira é frequentemente descrito como um anão de cabelos vermelhos e pés ao contrário, com os calcanhares para frente. Essa característica peculiar faz com que suas pegadas enganem os perseguidores, levando-os a acreditar que ele foi na direção oposta.

Além disso, ele possui grande força física e é conhecido por sua habilidade de fazer as pessoas se perderem na floresta e esquecerem o caminho de saída.

Para evitar serem vítimas do Curupira, os indígenas ofereciam presentes como fumo e cachaça quando entravam na floresta. Uma forma de escapar dele, caso ele te encontre no meio da floresta, é realizar um nó em um pedaço de cipó.

O Curupira também é conhecido por seu assobio contínuo, que serve para atormentar os caçadores.

Pelo menos desde 1560 foram realizados registros  da existência de Curupiras em carta do Padre Jesuíta José de Anchieta.

A carta do Padre José de Anchieta que menciona a presença de curupiras no Brasil foi escrita em 1º de junho de 1560 e endereçada ao Geral da Companhia de Jesus, P. Diogo Laínes, em Roma.

Nessa carta, Anchieta relata diversos aspectos da vida e dos costumes dos indígenas brasileiros, incluindo suas crenças em seres míticos como o curupira, que era visto como um protetor das florestas e dos animais. Essas cartas são documentos valiosos que oferecem uma visão da época sobre a interação entre os jesuítas e as culturas indígenas no período colonial do Brasil.

Dama de Branco

A  Dama de Branco é uma história que transcende culturas e tem muitas variações ao redor do mundo. Em sua essência é um espírito feminino que aparece vestida de branco, muitas vezes associada a locais carregados de história ou tragédias.

A figura da Dama de Branco é enraizada em crenças populares e contos misteriosos, e é frequentemente considerada um presságio.

Na versão brasileira, é a história de uma mulher que se casou com um homem que não amava e acabou morrendo de fome.

Ela é conhecida por aparecer em áreas rurais e é dita como um fantasma que teria morrido de forma violenta ou foi traumatizada enquanto estava viva.

Ela teria sido traída por seu marido ou noivo, e sua aparição é um sinal de que alguém da família irá morrer.

A origem da  Dama de Branco no Brasil remonta ao século XIX, com uma história que envolve um sapateiro de São Paulo que sonhava em levar sua loja para o centro da capital.

A filha mais velha do sapateiro, uma bela mulher de pele clara e olhos lindos, atraiu a atenção de um homem rico e cruel, dono de uma plantação de cana-de-açúcar.

Apesar de não gostar do homem, o sapateiro arranjou o casamento entre eles, o que acabou em tragédia para a filha. 

Diamantes

Em uma aldeia indígena do interior do Centro-Oeste, vivia um casal muito amável e belo: Itagibá, um guerreiro forte e corajoso, cujo nome significa “braço forte”, e Potira, uma jovem moça, cujo nome significa “flor”.

Ambos viviam felizes e tranquilos até que um dia a aldeia foi atacada, e Itagibá foi chamado à luta.

Na despedida, Potira foi muito forte e não chorou, embora estivesse triste por se despedir de seu grande amor.

Ela ia todos os dias à margem do rio para esperar seu amado, confiante de que ele retornaria. Contudo, quando os guerreiros voltaram, Potira foi informada que Itagibá havia morrido na batalha.

Ao saber da notícia, a indígena passou a chorar descontroladamente, por todos os dias de sua vida às margens do rio.

Comovido com o sofrimento de Potira, Tupã, o deus dos indígenas, transformou suas lágrimas em diamantes.

Essas pedras cristalinas e de brilho intenso se misturaram à areia e cascalho dos rios, onde até hoje podem ser encontrados, relembrando o amor entre Itagibá e Potira.

Essa história trágica não só conta a origem dos diamantes mas também reflete a cultura e as crenças dos povos indígenas do Brasil, especialmente da região Centro-Oeste, e destaca a beleza e a tristeza de um amor perdido que se transformou em algo eterno e precioso.

Eberê

Eberê, um indígena Anão, é uma figura mística que mistura elementos indígenas e africanos.

Eberê é um ser mestiço de duende com humano, que possui apenas uma perna e vive no tronco de árvores, preferindo as casas carcomidas.

Eberê é conhecido por atrair crianças perdidas usando suas armas, quem encontra um Eberê costuma ter azar pelo resto da vida.

Ele é considerado um protetor da mata, semelhante à Caipora ou ao Curupira.

Uma das histórias conta que Eberê perdeu sua outra perna numa luta contra um jacaré.

Emparedada da Rua Nova

A Emparedada da Rua Nova é uma das mais sombrias e conhecidas lendas urbanas do Recife, e foi imortalizada na literatura por Carneiro Vilela em um folhetim publicado entre 1909 e 1912.

A história se passa no século XIX e envolve a família de um rico comerciante chamado Jaime Favais, que descobre que sua filha Clotilde engravidou de um sedutor chamado Leandro, que também era amante de sua esposa, Josefina.

Enfurecido, Jaime Favais manda matar Leandro e, após a loucura de Josefina, tenta casar Clotilde com um sobrinho.

Diante da recusa do rapaz e da gravidez da filha, Favais decide emparedar Clotilde viva num banheiro do sobrado para encobrir a vergonha familiar e preservar a honra.

Com a ajuda de um comparsa, ele força um pedreiro a fechar com tijolos a porta do aposento, onde Clotilde é deixada para morrer.

A polícia ignora a denúncia do pedreiro, e após cometer o crime, Favais foge para Portugal.

Anos depois, ele retorna ao Recife e passa a ser atormentado por aparições fantasmagóricas de sua esposa e filha.

Muitos acreditam que o romance conta realmente um crime que poderia ter acontecido.

A história da Emparedada da Rua Nova é um retrato vívido da sociedade recifense da época, abordando temas como os costumes, a condição feminina, e a marginalidade, e continua a ser um tema de fascínio e mistério até hoje.

Encantados

Com raízes principalmente indígenas, a história dos "Encantados" se espalha por diversas culturas e regiões do país.

Os Encantados são entidades sobrenaturais que habitam a natureza e possuem poderes mágicos.

De acordo com as crenças indígenas, os Encantados são seres que trazem consigo o poder de cura e não são vistos como alguém que morreu, mas sim que se transformou.

Quando alguém alcança um alto grau de sabedoria, antes de morrer, ele se encanta e passa a ser uma energia integrante da natureza. Essa pessoa elevada pode se apresentar a alguém da aldeia, geralmente através dos sonhos, e essa pessoa escolhida deve ser muito forte espiritualmente.

Entre as figuras mais conhecidas da encantaria brasileira estão o boto e o curupira, que são considerados seres encantados.

O boto é famoso por se transformar em um belo homem para seduzir mulheres, enquanto o curupira protege as florestas e seus habitantes.

A encantaria é vista como um misto de tradições afro-ameríndias, e os Encantados podem tanto fazer o bem quanto realizar o mal.

Eles são invocados em cultos como o da Jurema, um dos mais conhecidos entre os praticantes. A encantaria é um mundo ou reino especial, que está entre a Terra e o Céu, onde vivem esses seres mágicos.

No Paraná, "as Encantadas" e uma das histórias mais antigas, conta a história de lindas mulheres que viviam na Gruta das Encantadas, na Ilha do Mel.

Elas eram conhecidas por bailar e cantar ao nascer do sol e ao anoitecer, e seu canto era inebriante e perigoso para qualquer mortal.

Os Encantados são uma parte fascinante da cultura popular brasileira e continuam a inspirar histórias e tradições até hoje.

Flor do Mato

Flor do Mato, também conhecida como Cumadre Florzinha ou Fulozinha, é uma história encantadora do povo nordestino.

Conta-se que a Flor do Mato era uma garotinha de cabelos longos e pele pálida que vivia em um sítio e acabou se tornando um espírito que protege a floresta.

Ela é a fêmea do Curupira e possui um longo cabelo louro e olhos verdes.

A Flor do Mato é zelosa com sua mata e não permite caçadas ou destruição sem sua permissão.

Para ter acesso à floresta, os caçadores precisam oferecer mingau e fumo como oferendas.

Assim como o Curupira, a Flor do Mato também assobia para mostrar sua presença.

Quando seu assobio soa distante, significa que ela está perto, e quando parece próximo, indica que ela está longe.

Se você encontrar um cavalo com as crinas e o rabo trançados de maneira complexa, pode ter certeza de que foi obra da Flor do Mato.

Ela não aceita desaforos e, se desrespeitada, irá atrás da pessoa, podendo até puxá-la para dentro do mato.

Portanto, é sempre bom ser respeitoso com a natureza para evitar encontros indesejados com essa protetora das florestas.

Garupeiro

O rio da Prata é uma comunidade distante e o meio de transporte mais utilizado é o cavalo.

Nesta localidade existem muitos paióis de roça, onde não reside ninguém, é aí que moram as almas penadas.

Quando passa algum cavaleiro à noite, essas almas pegam carona na garupa do cavalo.

Gorjala

Gorjala é uma fascinante história originária das regiões Norte e Nordeste do país.

Gorjala é descrito como um gigante de pele escura, com um único olho vermelho e brilhante no meio da testa, e uma boca enorme cheia de dentes afiados.

A origem do Gorjala é envolta em mistério.

Alguns acreditam que ele seja um espírito ancestral que protege as florestas e as montanhas, enquanto outros pensam que ele seja a alma de um ex-escravo que foi morto por seu senhor.

A palavra “Gorjala” não tem uma tradução direta em português, mas é frequentemente associada a um som gutural e misterioso que a criatura emite durante a noite.

Existem várias histórias que cercam essa criatura imponente.

Uma delas diz que Gorjala é um guardião das florestas e das montanhas, protegendo a natureza dos seres humanos, que são vistos como uma ameaça.

Outra história o descreve como uma criatura cruel e sanguinária que ataca e devora qualquer pessoa que se atreva a invadir seus domínios.

Gorjala é uma figura importante, uma criatura que simbolizando a força da natureza e a importância de respeitar o meio ambiente.

Ele também é um tema popular na literatura, no cinema e na televisão, representando a rica cultura e as tradições do Brasil1.

Guará

O Guará é uma história especialmente conhecida nas regiões do Pará e Maranhão.

O termo “guará” em tupi significa vermelho, que é a cor do corpo dessa criatura mítica.

O Guará é um ser aberrante que aterroriza os seringueiros da fronteira entre o Pará e o Maranhão.

Este espécie híbrida de criptídeo brasileiro prefere atacar durante as tardes de verão, sendo raros os ataques noturnos.

A figura do Guará é parte de um grupo de monstros que representa a rica diversidade de criaturas míticas que povoam as histórias tradicionais do país.

Guaraná

Havia um casal de indígenas da aldeia Maués que desejava muito ter um filho.

Eles pediram ao deus Tupã que realizasse seu desejo, e Tupã, vendo a bondade do casal, atendeu ao pedido, presenteando-os com um menino bonito e saudável chamado Cauê.

Cauê cresceu sendo amado por todos na tribo e possuía o dom de se comunicar com os animais e as plantas.

No entanto, Jurupari, o deus da escuridão, invejava a felicidade do menino e decidiu acabar com sua vida.

Transformando-se em uma serpente venenosa, Jurupari mordeu Cauê enquanto ele colhia frutos na floresta, levando-o à morte.

A tristeza tomou conta da aldeia, e trovões ensurdecedores anunciaram a tragédia.

A mãe de Cauê, em meio ao seu luto, recebeu uma mensagem de Tupã: ela deveria plantar os olhos do menino, e deles cresceria uma nova planta que daria frutos saborosos para dar energia às pessoas.

Obedecendo a Tupã, os indígenas plantaram os olhos de Cauê, e no local nasceu o guaraná.

O fruto do guaraná tem sementes negras com um arilo branco ao redor, lembrando olhos humanos, e é conhecido por suas propriedades energéticas.

Homem dos Pés de Louça

O Homem dos Pés de Louça, originário do estado do Rio de Janeiro, é uma assombração que aparece na Ilha Grande, na Restinga de Marambaia, e em Mangaratiba1. Conta-se que ele é o espírito de um náufrago ou de um pescador que sofreu uma tragédia no mar.

Ele tem a aparência de um homem comum, com corpo, voz, olhos e cabelos iguais aos de qualquer pessoa, mas seus pés são feitos de louça, brilhando com uma luz misteriosa.

Se alguém ouvir o chamado do Homem dos Pés de Louça, não deve se virar, se comover ou olhar para os seus pés.

Acredita-se que o único modo de se proteger é fechar os ouvidos, apressar os passos na areia, recitar o Pai-Nosso e esconjurar o demônio.

Dizem que aqueles que desobedecem e olham para os pés de louça podem perder a razão, como aconteceu com um velho chamado Seu Colimério, que enlouqueceu após avistar a assombração.

Iara

Iara, também conhecida como Mãe d’Água, é uma é uma criatura que tem suas raízes na cultura indígena da região amazônica.

Iara, que significa “aquela que mora nas águas” em tupi, é descrita como uma sereia de grande beleza, com longos cabelos pretos e olhos castanhos, que vive nos rios da Amazônia.

A história conta que Iara era uma guerreira indígena de habilidades excepcionais, o que despertou a inveja de seus irmãos.

Em um ato de ciúmes, eles tentaram matá-la, mas Iara, sendo uma guerreira habilidosa, conseguiu se defender e, na luta, acabou matando-os.

Temendo a punição de seu pai, o pajé da aldeia, ela fugiu.

No entanto, foi encontrada e, como castigo, lançada ao rio. Os peixes, compadecidos com sua situação, a salvaram, transformando-a na sereia Iara1.

Desde então, Iara habita as águas amazônicas, usando sua voz doce e melódica para atrair os homens.

Aqueles que se deixam seduzir por seu canto são levados ao fundo do rio, onde acabam se afogando.

Diz-se que se um homem consegue resistir aos encantos de Iara, ele fica louco, e somente um pajé pode curá-lo.

Igarapé das Almas

Na zona urbana de Belém, no estado do Pará, que hoje corresponde ao canal da avenida Visconde de Souza Franco, no bairro do Reduto, existe um igarapé assombrado por figuras sobrenaturais.

Após a revolução da Cabanagem, um conflito social ocorrido no século XIX, os cabanos (pessoas que lutaram na revolução) esconderam suas armas na região do igarapé.

Com o passar dos anos, moradores e pessoas que passavam pelo local começaram a relatar visões de fantasmas desses cabanos, que vagavam em busca das armas escondidas

Ipupiara

Ipupiara é um relato impressionante sobre um ser associado à cidade de São Vicente, no estado de São Paulo.

O termo “Ipupiara” vem do tupi-guarani e significa “demônio d’água” ou “monstro marinho”.

A história ganhou notoriedade pela exatidão dos relatos e pela confirmação da existência de figuras letais que viviam no Oceano Atlântico durante a época das Grandes Navegações.

Em 1564, uma indígena escrava passeava à noite na orla da praia do Gonzaguinha quando avistou o Ipupiara andando na areia.

O monstro emitia gritos estranhos e, ao ser descoberto, tentou fugir de volta ao mar.

Baltasar Ferreira, filho do Capitão-mor da Vila e amo da indígena foi chamado para confrontar a criatura.

Com coragem, ele enfrentou o Ipupiara e conseguiu feri-lo gravemente, o que atraiu a atenção dos moradores da vila.

Juntos, eles testemunharam a carcaça enorme e assustadora do monstro, que possuía 3,5 metros de altura, braços longos, pés de barbatanas, dentes pontiagudos, corpo coberto de pelos e um focinho com bigode.

A história do Ipupiara é tão marcante em São Vicente que chegaram a construir um monumento em sua homenagem na Praça 22 de Janeiro, embora a estátua tenha pegado fogo em 2016.

Jaci

Na mitologia tupi,  Jaci  é a história da deusa Lua, conhecida como a protetora das plantas, dos amantes e da reprodução.

Jaci é uma figura central na cultura indígena e é frequentemente associada à fertilidade e ao ciclo da vida.

Jaci é a filha de Tupã e esposa de Guaraci, o deus Sol.

Ela é responsável por cuidar da noite e proteger as plantas.

Há uma história atrelada à Jaci que explica a criação da planta vitória-régia.

Jaci se sentia solitária no céu e, por isso, descia à Terra para levar as indígenas para o céu e transformá-las em estrelas.

Uma dessas indígenas, chamada Naiá, desejava ardentemente se tornar uma estrela e passava todas as noites observando o reflexo de Jaci nas águas de um lago.

Em uma dessas noites, enquanto tentava tocar o reflexo da Lua, Naiá acabou se afogando.

Jaci, ao presenciar o acontecimento, decidiu transformá-la em uma vitória-régia, permitindo que Naiá vivesse para sempre entre a Lua e os lagos, como uma bela flor aquática.

Japeusa

A  Japeusa, também conhecida como a “mãe dos peixes”, é uma figura mítica da região amazônica que protege os rios e seus habitantes.

Ela era uma indígena muito bonita e vaidosa que desprezava os homens que se apaixonavam por ela e também negligenciava os afazeres domésticos para admirar sua própria beleza no reflexo das águas.

Certo dia, enquanto estava às margens do rio, Japeusa foi tragada pelas águas e transformada em uma criatura metade mulher, metade peixe.

Tupã, o deus supremo, decidiu puni-la por sua vaidade e falta de compaixão, condenando-a a viver nas profundezas dos rios.

Como guardiã dos peixes, ela passou a proteger as criaturas aquáticas e punir aqueles que desrespeitam as leis da natureza.

João Galafuz

João Galafuz conhecido entre os pescadores e homens do mar no estado de Pernambuco, é uma espécie de duende ou entidade sobrenatural que aparece em certas noites, emergindo das ondas ou surgindo dos cabelos de pedras submersas.

Ele é representado como um facho luminoso e multicor, muitas vezes interpretado como um prenúncio de tempestade e naufrágios.

A crença em João Galafuz é forte nas cidades de Barreiros, na Praia do Porto, e principalmente na ilha de Itamaracá.

Esse duende marinho é a alma penada de um caboclo, que morreu pagão, conhecido por João Galafuz.

A história também é comum em outros estados, como Sergipe, onde é conhecido como Jean de La Foice, Fogo-fátuo ou Boitatá.

Jurupari

O Jurupari é uma história de um ser comum entre vários povos indígenas da região amazônica e possui diversas versões que o retratam tanto como um legislador quanto um demônio.

Jurupari, o Legislador:
Nesta versão, Jurupari é o filho da índia Ceuci, que concebeu a criança de maneira milagrosa ao comer o fruto mapati, proibido às mulheres em período fértil.

O suco da fruta escorreu pelo seu corpo até suas partes íntimas, e assim foi concebido um menino.

Como punição, Ceuci foi expulsa da aldeia.

O filho, Jurupari, era na verdade o enviado do Sol (Guaraci), que veio ao mundo para trazer novos costumes e leis para os homens.

Jurupari, o Demônio dos Sonhos:
Outra versão afirma que Jurupari era um demônio que visitava os indígenas enquanto dormiam, provocando pesadelos e impedindo que suas vítimas gritassem por socorro.

Esta interpretação foi estimulada pelos jesuítas e outros religiosos que identificavam as práticas religiosas indígenas como maléficas.

Ritual do Jurupari: Além das histórias, há tribos que usam o mito de Jurupari em rituais de iniciação masculina.

É o caso da etnia Dessana, que pratica o “Ritual do Jurupari”, onde se toca um instrumento de sopro feito com tronco de paxiúba, uma palmeira amazônica.

A cerimônia é um ritual de agradecimento à natureza pela abundância de pesca e louva a sabedoria dos espíritos ancestrais.

Neste ritual, está proibida a participação das mulheres.

O significado do nome Jurupari varia de acordo com o grupo linguístico dos indígenas, podendo significar “aquele que vem a nossa rede” em referência aos pesadelos que provocava, ou “gerado da fruta” em alusão à sua concepção milagrosa.

Kilaino

Kilaino, também conhecido como Quilaino, é uma história originária do estado de Mato Grosso.

Kilaino é descrito como um duende que habita as matas e os morros, podendo assumir formas de animais e alimentando-se de ratos e aves.

Ele não aprecia a intromissão humana em seus territórios e é conhecido por afanar os objetos de viajantes e mateiros, além de poder levar os exploradores a se perderem nas matas, assombrando-os com seus gritos horripilantes.

Para escapar de um Kilaino, basta atravessar um rio, regato ou veio d’água, já que o duende não é capaz de fazê-lo.

Ele costuma imitar o caipora e o curupira.

Dois caçadores indígenas que, sem saber, saíram para caçar no mesmo dia e acabaram encontrando sinais da presença de Kilaino: centenas de ratos e passarinhos mortos.

Eles ficaram espantados e assustados com a cena, pois nunca haviam visto algo igual.

Continuaram a caçada e, após ouvirem um barulho estranho vindo da mata, se armaram e atiraram, avistando então um urso polar e um rinoceronte, animais estranhos à floresta amazônica do Mato Grosso.

Os caçadores ficaram apavorados, mas continuaram a busca pelo ser que havia emitido os gritos agudos e jamais ouvidos por eles.

Labatut

O Monstro Labatut é uma entidade mística conhecida na região da Chapada do Apodi, na divisa entre o Ceará e o Rio Grande do Norte.

Ele é descrito como tendo forma humana com elementos indígenas, pés redondos, mãos compridas, cabelos longos e assanhados, e um corpo cabeludo.

O mais distintivo é que ele tem apenas um olho na testa e dentes grandes como os de um elefante.

A origem desse monstro está na memória do General francês Pedro Labatut, que passou pela região combatendo os revoltosos durante a Guerra de Independência do Brasil (1822).

Ele era conhecido por sua violência e crueldade, e a figura do Monstro Labatut nasceu dessa lembrança.

O Labatut é temido por comer crianças, por terem a carne mais mole, e diz-se que ele sai à caça nas ruas e estradas desertas, especialmente em noites de vento ou de lua cheia.

Ele é pior que o lobisomem, a caipora e o cão coxo, e que ele percorre as cidades durante a noite para saciar sua fome insaciável.

Lobisomem

Lobisomem é a história de um homem que, sob a luz da lua cheia, se transforma em uma criatura meio homem, meio lobo.

No Brasil, ganhou contornos regionais, com variações dependendo da localidade.

Geralmente, o lobisomem é o sétimo filho de um casal, ou o oitavo filho, caso todos os anteriores sejam meninas.

A partir da puberdade, especificamente no aniversário de 13 anos, o menino amaldiçoado passa a se transformar em lobisomem em todas as noites de lua cheia.

A criatura resultante é violenta e sedenta por sangue, vagando freneticamente em busca de vítimas.

No entanto, ela não é invencível. O lobisomem pode ser ferido ou morto por objetos feitos de prata, como balas ou facas.

A origem da lenda é europeia, mas ela tem raízes ainda mais antigas na mitologia grega, com a história do rei Licaão da Arcádia, que foi transformado em lobo por Zeus como punição por seus atos desumanos.

O termo “licantropia” vem do grego “lykos” (lobo) e “anthropos” (homem), refletindo essa antiga conexão.

No folclore brasileiro, o lobisomem simboliza a dualidade da natureza humana, o conflito entre o lado civilizado e os instintos primitivos, além de representar o medo do desconhecido e o mistério que envolve a noite e a lua cheia.

Lobréu

Lobreu é uma história intrigante do estado do Piauí.

O Lobreu é descrito como um duende em formato de lobo, que é muito perigoso, mas não mata pessoas.

Ele é conhecido por pegar pessoas que encontra durante a noite e espancá-las impiedosamente.

Suas andanças ocorrem principalmente de quinta para sexta-feira.

O Lobreu é visto como uma criatura mais dócil, semelhante a uma fada ou um duende, que assume a forma de um filhote de lobo.

Ele pode ser perigoso se for maltratado, mas geralmente não é considerado uma ameaça mortal.

Outras histórias descrevem o Lobreu como uma criatura sanguinária que caça suas vítimas para deixá-las desfiguradas e deformadas.

Ele é uma criatura mágica semelhante a um lobo filhote com três caudas e olhos inteiramente pretos.

A criatura persegue qualquer um, independentemente de sexo, raça, idade ou tamanho.

Loira do Banheiro

A Loira do Banheiro é uma das mais populares e assustadoras lendas urbanas do Brasil, especialmente entre os estudantes.

Ela conta a história de um espírito que assombra os banheiros das escolas.

A Loira do Banheiro era uma jovem de cabelos loiros e vestes brancas, que aparece nos banheiros após um ritual de invocação.

Esse ritual pode incluir chamar seu nome três vezes em frente ao espelho, bater a porta do banheiro, chutar o vaso sanitário, puxar a descarga e até falar palavrões.

A origem da história é atribuída à história real de Maria Augusta de Oliveira Borges, nascida no final do século 19 em Guaratinguetá, São Paulo.

Ela foi forçada a casar-se muito jovem com um homem mais velho e influente.

Infeliz com o casamento, Maria Augusta fugiu para Paris, onde morreu misteriosamente aos 26 anos.

O motivo de sua morte é desconhecido, pois o atestado de óbito desapareceu.

Quando seu corpo foi trazido de volta ao Brasil, foi mantido em uma urna de vidro no casarão da família, onde hoje é uma escola.

A história ganhou força após um incêndio misterioso na escola em 1916, e desde então, diz-se que o espírito de Maria Augusta vaga pelos banheiros, abrindo torneiras para saciar sua sede e pedindo para ser enterrada.

Loira do Bonfim

A Loira do Bonfim é uma história fascinante de Belo Horizonte, Minas Gerais.

A Loira do Bonfim era uma mulher de cabelos loiros que conquistava os homens no centro da cidade e os convencia a ir até sua casa no bairro do Bonfim.

Ao chegar lá, ela se dirigia ao cemitério e revelava que aquela era sua morada, desaparecendo misteriosamente.

A história conta que a loira era uma noiva que foi abandonada no altar pelo seu noivo no dia do casamento.

Desiludida e envergonhada, ela acabou se suicidando.

Desde então, relatos afirmam que ela seduzia os homens, chamava um táxi para levá-los até sua suposta casa, mas ao chegar, eles se deparavam com o cemitério do Bonfim, onde ela desaparecia com o homem dentro do cemitério.

Maçone

A lenda do maçone, ou maçonaria, é cercada por mistérios e histórias que se entrelaçam com a realidade e o imaginário popular.

A maçonaria é uma fraternidade que existe há séculos, conhecida por seus rituais simbólicos, seus ensinamentos morais e filosóficos, e por promover a fraternidade, a caridade e a busca pela verdade.

Uma das lendas mais conhecidas dentro da maçonaria é a do Mestre Hiram, o arquiteto do Templo de Salomão.

Segundo a tradição maçônica, Hiram foi assassinado por três companheiros que desejavam obter os segredos mestres da construção.

A história de Hiram é usada como uma alegoria para ensinar lições sobre lealdade, integridade e a perda inevitável que acompanha a busca pela verdade.

Outro aspecto lendário da maçonaria é a suposta conexão com os Cavaleiros Templários e com símbolos e rituais antigos, como os mistérios egípcios e o culto mitraico.

Embora muitas dessas conexões sejam mais míticas do que históricas, elas contribuem para a aura de mistério que envolve a maçonaria.

A maçonaria também é frequentemente associada a teorias da conspiração e a ideia de que seus membros exercem influência secreta em eventos mundiais.

Essas teorias são alimentadas pela natureza discreta da organização e pela presença de maçons influentes na história.

No entanto, é importante notar que a maçonaria é uma organização aberta a homens de todas as raças, religiões e classes sociais, e que seu principal objetivo é o aperfeiçoamento moral e espiritual de seus membros, e não a busca por poder ou riqueza.

A lenda do maçone reflete a curiosidade humana pelo desconhecido e pelo poder dos símbolos e rituais em moldar nossa compreensão do mundo.

Ela permanece uma parte intrigante do folclore e da cultura popular, inspirando histórias e discussões até hoje.

Mãe de Ouro

A Mãe de Ouro é uma fascinante história popular especialmente em regiões interioranas do sudeste, centro-oeste e nordeste do país.

Ela é descrita como uma bela mulher com cabelos longos e dourados, vestindo um traje branco de seda.

A Mãe de Ouro pode se transformar em uma grande bola de fogo, capaz de localizar tesouros escondidos ou jazidas de ouro.

A habilidade da Mãe de Ouro está em encontrar esses tesouros, mas não para indicá-los aos homens para exploração, e sim para protegê-los.

Ela é considerada a protetora dos tesouros e do ouro, bem como da natureza, incluindo rios e montanhas.

Sua presença é mais notável durante as noites escuras, sem lua ou estrelas, quando ela percorre os céus em sua forma de bola de fogo.

A Mãe de Ouro também cuida das mulheres maltratadas pelos maridos, levando os maridos indesejados para uma caverna onde ficam presos pelo resto de suas vidas, enquanto arranja outros maridos que farão as esposas felizes.

Outra história sobre a Mãe de Ouro, é a de um escravo que, exausto de procurar ouro para seu patrão cruel, é ajudado pela Mãe de Ouro.

Ela indica onde ele deveria procurar, em troca de fitas coloridas e um espelho.

No entanto, após revelar o local da mina sob tortura, um desabamento acontece, matando todos, incluindo o patrão cruel

Mão de Cabelo

Morador do sótão de uma antiga barbearia, em Minas Gerais, é um homem de olhos escuros como jabuticabas, voz aveludada e calma, vestido impecavelmente de branco e sempre de luvas, Mão-de-Cabelo, de olfato apurado, é atraído pelo cheiro peculiar exalado por pessoas que não tomam banho todos os dias.

Seduz suas vítimas com galanteios até convencê-las a uma noite de prazeres, e após o ato, retira suas luvas deixando a mostra suas mãos peludas e asfixia seus parceiros com o travesseiro.

Mão Pelada

O Mão Pelada é uma história popular no Vale do São Francisco, no Brasil.

O Mão Pelada é um  ser híbrido, animal de hábitos noturnos que não possui pele nas mãos, misturado com homem, daí o seu nome.

Acredita-se que se ele sugar o sangue de uma pessoa, pode curar doenças como reumatismo e hanseníase.

Em algumas narrativas, o Mão Pelada é descrito como um misto de lobo e bezerro, com pelos avermelhados, olhos grandes e esquisitos, e uma pata dianteira encolhida e pelada.

Ele é conhecido por vagar pelos campos e matas, e embora sejam raros, há relatos de ataques a seres humanos, o que gera medo nas comunidades rurais da região

Mapinguari

O Mapinguari é uma criatura das mais misteriosas e fascinantes do Amazonas.

O Mapinguari é descrito como um gigante peludo, com um olho só na testa e uma boca no umbigo.

Para alguns, ele é coberto de pelos e usa uma armadura feita do casco da tartaruga, enquanto outros dizem que sua pele é semelhante ao couro de jacaré.

Alguns indígenas de uma aldeia amazônica ao atingirem uma idade avançada, poderiam se transformar em Mapinguari e passariam a viver isolados no interior das florestas.

A criatura é conhecida por emitir gritos semelhantes aos dos caçadores, e se alguém responder, o Mapinguari rapidamente vai ao encontro da pessoa, que acaba perdendo a vida.

O Mapinguari é selvagem e não teme nem caçador, pois é capaz de dilatar o aço quando sopra no cano da espingarda.

Os ribeirinhos amazônicos contam muitas histórias de grandes combates entre o Mapinguari e valentes caçadores, onde o Mapinguari sempre leva vantagem.

Há quem diga que o Mapinguari só anda pelas florestas durante o dia, guardando a noite para dormir.

Quando anda pela mata, vai gritando, quebrando galhos e derrubando árvores, deixando um rastro de destruição.

Outros contam que ele só aparece nos dias santos ou feriados, e que ele só foge ao ver um bicho-preguiça.

E outros dizem ter avistado o Mapinguari no final da tarde e noite.

O que todos dizem em comum é que é um ser selvagem, gigante e forte, com capcidade para arancar árvores do chão e atirá-las contra suas vítimas.

Matinta Pereira

A Matinta Pereira é uma fascinante história muito conhecida na região amazônica.

Ela é  uma bruxa velha que se transforma durante as noites em um pássaro de mau agouro.

Em algumas versões, Matinta não se transforma à noite, sendo uma velha acompanhada de seu pássaro fiel e agoureiro.

Em outras, ainda, é uma velha que durante à noite se transforma em coruja, representando a alma de algum antepassado.

A história conta que Matinta Pereira assombra as casas das redondezas durante à noite, momento em que ela se torna um pássaro, o “Rasga Mortalha”.

O pássaro pousa nos telhados ou nos muros das casas, emitindo um assobio alto e estridente para os moradores darem conta de sua presença.

Matinta costuma aparecer durante a noite ou a madrugada, perturbando o sono das pessoas.

Nesse momento, um dos moradores da casa dizem em voz alta que oferecerá para ela o tabaco desejado.

Depois de proferida a frase, o pássaro voa dali e vai até outras casas fazer o mesmo.

No dia seguinte, com o aspecto de bruxa velha, Matinta vai às casas e recebe o que lhe foi prometido na noite anterior.

Se não lhe for entregue, ela amaldiçoa todos os moradores da casa, com doenças ou mesmo com mortes.

A maldição de Matinta pode ser passada para outras pessoas.

Assim, quando a velha bruxa já está pronta a morrer, ela indaga outras mulheres perguntando somente “se querem”.

Se a resposta for positiva, a pessoa carregará essa maldição, passando a ser a Matinta.

A origem da história é geralmente associada aos povos indígenas e é considerada uma variante da história do Saci-pererê, sendo descrita como uma velha de uma perna só, que vaga à noite agourando os lugares e assustando as pessoas.

O canto estridente da Matinta é associado ao do pássaro Tapera naevia, chamado popularmente de Saci ou Matinta Pereira.

Menina da Figueira

A menina da figueira é uma história comovente que faz parte da cultura popular brasileira.

Ela conta a história de uma menina órfã de mãe, que tinha cabelos longos e dourados, cuidados com carinho pela mãe enquanto viva.

Após a morte da mãe, o pai da menina se casa com uma mulher que, inicialmente gentil, revela-se cruel e maltrata a enteada.

A madrasta, obcecada por figos, obriga a menina a vigiar uma figueira no jardim para impedir que os passarinhos comessem os frutos.

Um dia, enquanto o pai está viajando, os pássaros comem os figos e, em um ato de crueldade, a madrasta enterra a menina viva no jardim.

O pai, ao retornar e não encontrar a filha, é enganado pela madrasta, que alega que a menina desapareceu.

No entanto, o jardineiro ouve um canto triste vindo do jardim, que revela ser a voz da menina enterrada, pedindo para que não cortem seus cabelos dourados.

O pai, ao descobrir a verdade, salva a filha e expulsa a madrasta de casa.

Minhocão

A história do Minhocão é uma das mais intrigantes e difundidas no Brasil, especialmente nas regiões onde há rios e lagos.

O Minhocão é uma criatura gigantesca, muitas vezes comparada a uma serpente ou uma minhoca de proporções colossais.

O Minhocão habita as águas e vem à superfície para assustar e, às vezes, atacar pessoas.

Ele é temido por fazer buracos e sulcos pelo chão para prender suas vítimas e se alimentar delas, virar barcos nos rios para comer os tripulantes, e até roubar a pesca dos pescadores.

Se confrontado, ele pode se alimentar também de seres humanos.

A origem do Minhocão é incerta, mas acredita-se que ele tenha surgido no Brasil e migrado para Portugal.

Por ter relatos de sua existência espalhados por todo o país, o Minhocão é uma das hiatórias mais conhecidas e mais difundidas pela nação, mostrando que um povo pode chegar a uma mesma conclusão, mesmo estando distante geograficamente.

Missa dos Mortos

A Missa dos Mortos é uma das mais tradicionais e arrepiantes histórias com registros populares que remontam ao começo do século XX, na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais.

A história se passa em uma pequena igreja ao lado de um cemitério, a Igreja de Nossa Senhora das Mercês de Cima.

Um sacristão chamado João Leite, conhecido por sua honestidade e dedicação, teria presenciado uma missa incomum.

Em uma noite fria, ele ouviu vozes sussurrando a ladainha e, ao investigar, encontrou a igreja iluminada e cheia de fiéis assistindo a uma missa celebrada por um sacerdote.

No entanto, ao observar melhor, João Leite percebeu que o padre e os fiéis eram esqueletos, e a porta que dava para o cemitério estava aberta.

A história sugere que os mortos não apenas assistem à missa, mas também realizam suas próprias cerimônias.

Essa tradição tem raízes antigas, remontando à Europa medieval e até mesmo à Roma Antiga, onde se acreditava que os fantasmas dos parentes mortos se reuniam periodicamente.

Em algumas culturas, como a romana e a espanhola, celebrações eram realizadas para espantar os fantasmas errantes dos antepassados.

Acredita-se que quem presencia uma Missa dos Mortos pode estar próximo da morte ou receber um aviso de que alguém conhecido morrerá.

Outros interpretam como um sinal de longevidade e prosperidade.

Mula Sem Cabeça

A Mula Sem Cabeça é uma das mais conhecidas e assustadoras histórias brasileiras.

Ela conta a história de uma criatura que, em lugar da cabeça, tem uma tocha de fogo.

A Mula é geralmente descrita como tendo a cor preta ou marrom, com ferraduras de aço ou prata, e seu relincho alto pode ser ouvido a grandes distâncias.

Existem diferentes versões da história, mas uma das mais comuns diz que se uma mulher mantivesse relações amorosas com um padre, ela seria castigada e transformada na Mula Sem Cabeça.

Esse encantamento acontecia nas noites de quinta-feira, quando a mulher se transformava na criatura e corria em disparada pelas matas e campos, lançando fogo pelo pescoço.

Com as patas, a Mula despedaçava os animais e as pessoas que surgissem em sua frente. O encantamento só desaparecia no terceiro cantar do galo, momento em que a mulher voltava à sua forma normal, geralmente exausta e ferida.

Para acabar com o encantamento, alguém deveria arrancar os freios da Mula ou furá-la com algum objeto pontiagudo para tirar-lhe sangue.

A origem não é originalmente brasileira. Provavelmente, ela veio dos povos da Península Ibérica e foi trazida para a América pelos portugueses e espanhóis.

No Brasil, se espalhou pela área rural, pela zona canavieira do Nordeste e pelo interior do Sudeste do país.

A Mula Sem Cabeça também apareceu em histórias infantis, como no livro “Histórias de Tia Anastácia”, de Monteiro Lobato, onde ela é uma das figuras do folclore brasileiro mencionadas, ao lado de personagens como Saci Pererê, Curupira, Iara, Boitatá, Cuca e Lobisomem.

Mulher do Demônio

A mulher do demônio é uma história que varia muito de acordo com a cultura e o contexto.

No entanto, muitas dessas histórias compartilham um tema comum de uma mulher que se transforma ou é possuída por um espírito maligno, adquirindo poderes sobrenaturais e uma natureza demoníaca.

Por exemplo, na tradição japonesa, existe a história de Hannya, que se refere a mulheres humanas que foram transformadas em demônios no final de suas vidas ao serem consumidas pelo ciúme e pela raiva.

Esses demônios aparecem em três graus básicos, sendo o primeiro mais semelhante a uma mulher humana e o último, já tomado pelo ódio, completamente entregue à agressividade e às trevas.

Outro exemplo é a figura de Lilith na mitologia mesopotâmica, que era associada à figura de um demônio noturno do sexo feminino.

Nesta cultura, a criatura sombria simbolizava o vento e, por isso, tinha sua imagem relacionada a pestes, mal-estar e à morte.

Nego D'Água

O Nego d’Água é uma história bastante comum entre as pessoas ribeirinhas, principalmente na Região Centro-Oeste do Brasil.

O Nego d’Água, também conhecido como Negro d’Água, é uma criatura que vive em diversos rios e é conhecido por manifestar-se com suas gargalhadas estridentes.

Ele é descrito como preto, careca, com mãos e pés de pato, e tem o hábito de derrubar a canoa dos pescadores se eles se recusarem a dar-lhe um peixe.

Em alguns locais do Brasil, ainda existem pescadores que, ao sair para pescar, levam uma garrafa de cachaça e a jogam para dentro do rio, para que não tenham sua embarcação virada pelo Nego d’Água.

A criatura é descrita como uma fusão de homem negro alto e forte com um anfíbio, apresentando nadadeiras como de um anfíbio e corpo coberto de escamas mistas com pele.

A história não tem uma origem certa, mas é muito difundida entre os pescadores, dos quais muitos dizem já ter o visto.

O Nego d’Água é considerado um protetor das águas por alguns, mas para os pescadores ele é visto como uma ameaça, pois vira canoas, tira os peixes dos anzóis, corta as linhas, rouba redes e leva crianças que ficam longe da margem dos rios.

Portanto, quando os pescadores saem para pescar, levam consigo cachaça, para ser oferecida ao Nego d’Água, para que ele não vire os barcos.

Negrinho do Pastoreio

O Negrinho do Pastoreio é uma das mais emblemáticas histótias brasileiras, particularmente na região Sul do país.

Ela conta a história de um jovem escravo que sofreu muito nas mãos de um fazendeiro cruel. Reza a lenda que o Negrinho era responsável por cuidar dos cavalos do fazendeiro.

Um dia, após adormecer de exaustão, um dos cavalos fugiu. O fazendeiro, furioso, castigou o menino com muitas chibatadas e o lançou em um formigueiro, deixando-o para morrer.

No entanto, no dia seguinte, o fazendeiro encontrou o Negrinho sem nenhum ferimento, montado no cavalo perdido, e ao seu lado estava a Virgem Maria, que o protegeu e curou suas feridas.

Arrependido, o fazendeiro pediu perdão, mas o Negrinho saiu galopando feliz e livre no cavalo baio.

Em outra versão da história, é o filho do fazendeiro, tão maldoso quanto o pai, que deixa o cavalo fugir para prejudicar o Negrinho.

Após ser castigado e abandonado no formigueiro, o Negrinho é milagrosamente salvo pela Virgem Maria.

Hoje, na região Sul do Brasil, acredita-se que se algum objeto está perdido, o Negrinho do Pastoreio pode ajudar a encontrá-lo. Basta acender uma vela perto de um formigueiro e pedir com fé que o objeto perdido reaparecerá.

Noiva Fantasma

A Noiva Fantasma é uma história arrepiante que aparece em várias culturas ao redor do mundo, incluindo o Brasil.

Uma das histórias mais conhecidas no Brasil é a da Noiva do Jardim, em Dois Córregos-SP.

Uma tragédia envolvendo uma noiva que foi abandonada no altar pelo noivo gerou a lenda.

A moça morreu na mesma noite do ocorrido, vestida de branco, e foi enterrada com o vestido que havia feito.

Após um tempo, surgiram boatos de que a noiva aparecia à meia-noite perto da capela onde deveria ter se casado.

Outra história famosa é a da Noiva da Lagoa dos Barros, no Rio Grande do Sul.

Em 1940, uma jovem chamada Maria Luiza foi encontrada morta na lagoa, e o principal suspeito era seu namorado, motivado por ciúmes.

Desde então, muitos afirmam ter visto uma mulher vestida de branco pela beira da estrada ou dançando sob as águas da lagoa.

A população local leva a história muito a sério, e é comum levar oferendas à noiva fantasma para demonstrar respeito.

Num se Pode

A história “Num-se-pode” é fascinante do Piauí, mais especificamente da cidade de Teresina.

A história fala de um fantasma feminino que aparecia frequentemente aos notívagos que andavam pelas ruas, especialmente na praça Conselheiro Saraiva (antiga das Dores).

A “Num-se-pode” começou a aparecer com o surgimento dos lampiões de gás que iluminavam as ruas.

Ela se materializava para os soldados de ronda que patrulhavam a cidade e para os boêmios.

A história descreve a figura como uma mulher esguia, com rosto comprido, olheiras fundas e um ar de tristeza.

A personagem da história teresinense “Num-se-pode” inspirou diversos artistas e foi estudada como manifestação da cultura popular.

Conta a história de uma bela mulher que, à meia-noite, aparecia na Praça Saraiva ostentando sua beleza debaixo de um dos lampiões.

Os homens, movidos pela surpresa daquela aparição, se aproximavam para conversar ou, quem sabe, aventurar mais uma conquista com aquela donzela perdida.

Ao chegarem perto, a linda mulher pedia-lhes um cigarro, sorrindo como quem quer pegar na mão deles.

Quando recebia o cigarro, começava a crescer, esticando-se até atingir o topo do lampião de gás para acender o cigarro.

Nesse processo, ela revelava sua verdadeira forma de assombração, assustando até os homens mais corajosos do sertão.

A voz de donzela se transformava em uma voz rouca e grave, e de dentro dela saía a repetir “num se pode, num se pode, num se pode…”.

A cada repetição, a linda mulher mostrava sua real forma de assombração, esticando o corpo para o alto, rumo à chama em cima do poste, e ali acendia o cigarro para satisfazer o prazer maligno do seu vício.

Onça Boi

A Onça-Boi, também conhecida como Onça Pé-de-Boi, é uma fascinante história amazônica que aterroriza os caçadores e pescadores que se aventuram pelas densas florestas da região.

Essa criatura mística é descrita como tendo características de duas espécies distintas:

A onça e o boi.

O aspecto mais peculiar da Onça-Boi é a presença de cascos de boi no lugar de suas patas, conferindo-lhe uma aparência única e aterrorizante.

Ao contrário das onças comuns, que são solitárias, a Onça-Boi caça em pares, um macho e uma fêmea, formando uma aliança na busca por presas.

Esses seres astutos encurralam caçadores ou intrusos na selva, forçando as vítimas a subirem em árvores numa tentativa de escapar.

As Onças-Boi então se revezam na vigilância da presa, aguardando pacientemente até que a exaustão ou a fome derrube o alvo de sua perseguição.

Para sobreviver ao ataque da Onça-Boi, a lenda diz que é necessário uma batalha direta.

Ao avistar essas criaturas, a pessoa precisa agir rapidamente e eliminar uma delas.

No entanto, há divergências sobre qual membro do par deve ser abatido para garantir a fuga.

Alguns acreditam que matar o macho afugenta a fêmea, enquanto outros sustentam que é a fêmea que deve ser eliminada para que o macho se afaste.

Pai do Mato

O Pai do Mato é uma fascinante história popular nas regiões Centro-Oeste e Nordeste do país.

O Pai do Mato, ou Pai da Mata, é um protetor das florestas e dos animais, uma figura alta e peluda, maior do que todas as árvores, com unhas e cabelos compridos, além de orelhas de cavaco.

Ele é conhecido por emitir um urro estrondoso que pode ser ouvido a longas distâncias e geralmente aparece acompanhado de caititus, que são um tipo de porco-do-mato.

Para se deslocar com ainda mais velocidade, ele pode montar em um desses animais.

O que torna a figura do Pai do Mato assustadora para quem planeja fazer o mal contra a natureza é que ele engole pessoas.

Quem tentar matá-lo pode se dar muito mal, pois ele é um ser de grande estatura, coberto de pelos, com uma aparência que lembra a de um homem selvagem ou um grande macaco, possuindo força sobre-humana e a habilidade de se comunicar com os animais e controlar os elementos da natureza.

Durante o dia, o Pai do Mato emite sons aterrorizantes para afastar as pessoas das florestas e é possível identificar sua presença pela movimentação incomum das copas das árvores, já que ele é mais alto do que elas.

Se alguém ignorar os sinais e cometer alguma maldade contra o meio ambiente, essa pessoa será encontrada e engolida por ele.

Papa Figo

O Papa-Figo, também conhecido como “Homem do Saco” ou “Velho do Saco”, é uma história assustadora e popular nos meios rurais de todo o país.

O Papa-Figo é um homem velho e maltrapilho que acredita que sua doença será curada se ele se alimentar do sangue e do fígado de crianças.

O fígado, sendo considerado o produtor de sangue, deveria ser puro e saudável, e por isso, o fígado das crianças era o alvo desejado para quem sofria dessa enfermidade.

Em algumas versões da história, o Papa-Figo possui ajudantes que atraem as crianças, enquanto em outras, ele mesmo atua na captura, sendo simpático com elas e oferecendo doces e brinquedos.

Após consumir o fígado da vítima, ele deixa ao lado do corpo uma quantia em dinheiro para as despesas do funeral e para ajudar a família.

O Papa-Figo é  um velho corcunda e barbudo que vaga pelas ruas com um grande saco nas costas, com a intenção de capturar crianças desobedientes.

Embora geralmente tenha uma aparência humana, em algumas versões, ele possui unhas e orelhas imensas e dentes de vampiro.

Pé de Garrafa

O Pé-de-Garrafa é uma história intrigante da região da Amazônia.

Esta criatura misteriosa é conhecida por seu nome peculiar que deriva da forma de suas pegadas, que se assemelham a fundos de garrafas.

O Pé-de-Garrafa é uma entidade protetora da floresta, com a missão de guardar a natureza contra aqueles que buscam prejudicá-la.

Ele é uma figura espectral ou fantasmagórica, com habilidades para se mover silenciosamente pela floresta e aparecer inesperadamente.

O Pé-de-Garrafa emite sons aterradores, como gritos ou choros, que ecoam pela selva. Estes sons são usados para afugentar os invasores ou para comunicar-se com outros espíritos da floresta.

Alguns relatos também mencionam que ele pode lançar maldições ou causar desorientação em quem desrespeita a natureza.

Embora seja uma figura temida, o Pé-de-Garrafa também é visto como um guardião e um símbolo do poder e da magia da natureza. 

Pisadeira

A Pisadeira é uma das histórias mais assustadoras, muito popular no interior dos estados de Minas Gerais e São Paulo.

A Pisadeira é uma mulher de aparência assustadora: alta e magra, com unhas grandes em dedos compridos e secos, olhos vermelhos e arregalados, nariz comprido para baixo e queixo grande.

Ela é também descrita com cabelos brancos desgrenhados e um olhar maligno, além de gargalhadas que mostram seus horríveis dentes verdes.

A Pisadeira passa grande parte do tempo nos telhados das casas, observando o movimento dentro delas.

Quando alguém vai dormir de barriga cheia, ela entra em ação. Sai de seu esconderijo e pisa no peito da pessoa, deixando-a em estado de paralisia.

A vítima da Pisadeira consegue acompanhar tudo de forma consciente, o que traz grande desespero, pois nada consegue fazer para sair da situação.

Quibungo

O Quibungo é uma história fascinante e popular da Bahia.

O Quibungo é um tipo de Bicho-Papão negro, um ser que teria vindo da África e se estabelecido na Bahia, onde se tornou parte ddas histórias locais.

Ele é uma criatura que serve para disciplinar as crianças que são rebeldes e não querem dormir cedo.

O Quibungo é muitas vezes comparado com outras figuras como o Tutu e a Cuca, e sua principal função é impor disciplina através do medo.

Na literatura oral afro-brasileira, o Quibungo é retratado como um devorador de crianças, especialmente aquelas que desobedecem e se afastam dos pais.

Ele é ao mesmo tempo homem e animal, uma espécie de lobo ou velho negro maltrapilho e faminto, sujo e esfarrapado, que se arrasta como um fantasma faminto pelos maiores temores infantis.

O Quibungo tem uma boca vertical que vai do nariz ao umbigo ou no dorso, e na Bahia, ele é único, não sendo encontrado em outros lugares do Brasil.

Ele engole as crianças abaixando a cabeça, abrindo o buraco nas costas e jogando-as para dentro.

Romãozinho

Romãozinho é uma história intrigante.

Ele era um menino, filho de um agricultor, conhecido por sua maldade inata.

Romãozinho gostava de maltratar animais e destruir plantas.

Um dia, sua mãe o mandou levar o almoço para o pai, que trabalhava na roça.

No caminho, Romãozinho comeu a galinha que era para o almoço do pai, colocou os ossos na marmita e entregou ao pai.

Quando questionado, ele mentiu, dizendo que a mãe havia comido a galinha com um homem que visitava a casa na ausência do pai.

Enfurecido, o pai matou a esposa.

Antes de morrer, ela amaldiçoou Romãozinho, dizendo que ele nunca morreria, não conheceria o céu ou o inferno e não descansaria enquanto houvesse um ser vivo na Terra.

Desde então, Romãozinho, que nunca cresce, vaga pelas estradas fazendo travessuras e assustando as pessoas.

Ele é conhecido por sua risada e maldade.

Ele não pode entrar no céu ou no inferno por ter levantado falso testemunho contra a própria mãe.

Essa história é conhecida em várias regiões do Brasil, como o leste da Bahia, Goiás, parte do Mato Grosso e na fronteira do Maranhão com Goiás.

Rondolo

Rondolo é uma história fascinante associada à colônia italiana no interior paulista.

O Rondolo é uma ave muito grande, que voa à frente das nuvens negras, anunciadoras de tempestades.

É dito que o Rondolo pode causar danos e, por isso, deve ser afastado por meio de exorcismo.

O Rondolo é um abutre de grande porte, capaz de controlar tempestades com o movimento de suas asas.

Ao bater suas asas, o Rondolo não só reúne nuvens de chuva, mas também produz o som de trovões. Os raios são ditos saírem de seus olhos, tornando-o uma criatura perigosa cuja presença pode e deve ser repelida do local em que aparece.

Saci-Pererê

O Saci-Pererê é uma das mais conhecidas e queridas histórias brasileiras.

O Saci-Pererê, ou simplesmente Saci, é um menino negro e travesso que possui apenas uma perna.

Ele é famoso por suas travessuras e por ser um mestre em se esconder e assustar as pessoas.

Origem e Características do Saci-Pererê:

Origem: A história do Saci tem raízes nas culturas indígena e africana e é popular em todo o Brasil.

O termo “Saci” vem do tupi “sa’si”, que está relacionado a um pássaro conhecido como “Saci”, “Matimpererê” ou "Martim-pererê".

Aparência: O Saci é descrito como um menino de baixa estatura, com a pele negra, que usa um gorro vermelho e fuma cachimbo. Seu gorro vermelho lhe concede poderes mágicos.

Comportamento: Ele é conhecido por fazer brincadeiras como trançar o rabo dos animais, esconder objetos, assobiar estridentemente para assustar viajantes, trocar sal por açúcar e fazer com que as cozinheiras queimem a comida.

Habilidades: O Saci é o guardião das ervas e plantas medicinais e conhece as técnicas de preparo e uso dessas plantas para fins medicinais.

Captura: Para capturar o Saci, diz-se que é necessário jogar uma peneira nos redemoinhos de vento.

Após capturá-lo, deve-se retirar seu gorro para prendê-lo em uma garrafa.

A história em Diferentes Regiões:

Embora a história seja contada em todo o Brasil, ela pode variar de acordo com a região. Em alguns lugares, o Saci é conhecido por outros nomes, como Saci-Cererê, Matimpererê, Matita Perê, Saci-Saçurá e Saci-Trique.

Significado Cultural: O Saci-Pererê é uma figura emblemática que representa a mistura de culturas que formam o Brasil. Ele é um símbolo da resistência e da liberdade.

Salamanca do Jarau

A Salamanca do Jarau é uma das mais fascinantes histórias gaúchas e foi imortalizada na obra do escritor João Simões Lopes Neto.

A história se passa no Cerro do Jarau, uma formação rochosa localizada na região da Quaraí, no Rio Grande do Sul.

A História:

Teiniaguá, uma princesa moura encantada que se transforma em uma lagartixa com cabeça de fogo.

Ela se apaixona por um sacristão, descendente de espanhol jesuíta, que morava numa cela de pedra nos fundos da igreja no Povo de Santo Tomé, na Argentina.

Certo dia, o sacristão encontra Teiniaguá na forma de lagartixa na beira de uma lagoa.

Ele a captura e, à noite, ela se transforma na princesa moura.

Louco de amor, o sacristão rouba o vinho sagrado da igreja para beber com ela, e eles passam a noite juntos.

Esse ato de profanação leva à prisão do sacristão, que é condenado a morrer no garrote vil.

No dia da execução, Teiniaguá sente que seu amado está em perigo e usa sua magia para salvá-lo.

Eles fogem para o Cerro do Jarau, onde descobrem uma caverna muito funda e comprida. Essa caverna, conhecida como Salamanca, que significa “gruta mágica”, se torna o lar dos dois apaixonados.

Sanguanel

O Sanguanel é um ser da região ítalo-gaúcha, cuja crença é muito viva até hoje.

O Sanguanel é um ser pequeno, ágil e de cor vermelha que, em geral, não faz mal a ninguém, mas é conhecido por dar sustos.

Características do Sanguanel:

Aparência: Ele é um ser pequeno e de cor vermelha.

Comportamento: O Sanguanel vive pelos pinheirais da serra e tem o hábito peculiar de roubar crianças, as quais esconde no alto das árvores ou no meio das reboleiras do mato.

Interações:

Apesar de raptar as crianças, ele não as maltrata.

Pelo contrário, até traz mel numa folha e água, se elas têm sede.

Consequências:

Os pais, desesperados, procuram as crianças roubadas pelo Sanguanel, que estão sempre em estado de sonolência, lembrando pouco e mal das coisas que aconteceram, embora não esqueçam a figura vermelha do Sanguanel, o ninho em cima de um pinheiro e o mel trazido numa folha.

Interações com Adultos:

Mais raramente, o Sanguanel se envolve com adultos, assumindo o papel de vingador engraçado, fazendo picardias e provocações aos preguiçosos, bêbados ou não religiosos, mas tudo sem maldade.

Sereia da Furna do Diamante

A Sereia da Furna do Diamante é uma história encantadora que vem da cidade de Torres, no Rio Grande do Sul.

Existe uma sereia que guarda a Furna do Diamante e um tesouro escondido em seu interior.

A História:

Na Furna do Diamante, localizada na Torre do Meio entre a Praia da Cal e a Praia da Guarita, habita uma sereia que protege um grande tesouro. Este tesouro seria oriundo das embarcações que naufragaram às margens das Furnas.

O Encontro com a Sereia:

Se alguém tiver a sorte de encontrar a Sereia, ela pedirá por um pente. Caso a pessoa lhe entregue o pente, sem fazer perguntas, a Sereia revelará onde está o tesouro escondido.

O Perigo:

No entanto, há um aviso: quem não tiver o pente poderá encontrar a morte no labirinto da caverna.

A história também menciona que a sereia, metade peixe e metade humana, foi avistada várias vezes não só por embarcações, mas também por aqueles que se aventuraram pelo Morro das Furnas.

Sete Cuias

Em noites de lua crescente, em Florianópolis, surge na praia, um homem de pele muito enrugada e olhos escuros, como se fosse um velho marujo perdido há tempos no mar, o Sete Cuias.

Ele acena para canoas e pequenas embarcações, pede com humildade carona para um pobre homem chegar ao seu vilarejo.

Entra discretamente na embarcação e logo, um peso enorme a impede de sair do lugar e começa a sofrer com imprevisíveis vazamentos até afundar.

Quando o Sete Cuias some na escuridão dando uma pavorosa gargalhada de satisfação.

As vezes, entediado, para quebrar a rotina pede carona na beira da estrada e estraga o carro de desavisados inocentes que lhe dão carona.

Tatu Torem

Para escapar de seus inimigos, um jovem guerreiro se transformou em tatu.

Ele se escondeu em uma toca, mas foi descoberto e morto.

Seu sangue tingiu a terra de vermelho e deu origem à planta torém, que tem propriedades medicinais. 

Teju Jagua

Teju Jagua é uma das histórias mais intrigantes da mitologia guarani.

Teju Jagua é o primeiro filho de Tau e Kerana e um dos sete monstros lendários da mitologia guarani.

Características do Teju Jagua:

Aparência: Teju Jagua é um enorme lagarto com sete cabeças de cachorro.

Habilidades: Seus olhos são capazes de emitir fogo, e ele tem dificuldade de se mover devido às suas sete cabeças.

Comportamento: Apesar de sua aparência horripilante, Teju Jagua é calmo e inofensivo, alimentando-se de frutas e mel, este último sendo seu alimento favorito dado por seu irmão Yasy Yateré.

Moradia: Ele é considerado o senhor das cavernas e protetor das frutas.

Tesouro: Teju Jagua também é mencionado como um brilhante protetor de tesouros enterrados.

Tutu Marambá

Tutu Marambá é irmão do Bicho-Papão e do Boi da Cara Preta.

O Tutu Marambá é descrito como uma criatura toda negra, sem uma forma discernível.

A palavra “Tutu” provém do termo africano “quitutu”, que significa “ogro” ou "papão".

Na Bahia, em Pernambuco, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, o Tutu Marambá é conhecido por ser o senhor dos terrores noturnos infantis.

Ele persegue crianças arteiras e, principalmente, aquelas que não querem dormir.

Em algumas versões da história, o Tutu Marambá não possui forma nem cabeça, enquanto em outras, ele assume a forma de um porco-do-mato.

A história também é preservada em canções populares, como a seguinte: Tutu Marambá não venhas mais cá Que o pai do menino te manda matar (repete) Durma neném, que a Cuca logo vem Papai está na roça e Mamãezinha em Belém Tutu Marambá não venhas mais cá Que o pai do menino te manda matar (repete).

Uaiuara

Uaiuara é uma figura indígena misteriosa e intrigante da região Norte do Brasil.

O Uaiuara, também conhecido como cão-duende, é um metamorfo das florestas, de hábitos noturnos e selvagens.

Características do Uaiuara:

Forma Verdadeira: Sua forma verdadeira é a de uma fera canina, com pelos escuros e porte robusto.

Transformação: O Uaiuara é capaz de se transformar em duendes de aparências cadavéricas, mantendo certas características caninas, como orelhas que se movem sozinhas, abanando-se no ar o tempo todo.

Significado do Nome: Do Tupi Guarani, a palavra Uaiuara significa “o que chega de repente” ou “assombração”.

Comportamento: Eles são conhecidos por atacar pequenas aldeias ou viajantes desprevenidos na calada da noite, buscando comida e itens que precisem.

Alimentação: Apreciam a carne de aves e, principalmente, carne de humanos.

Sociedade: Os Uaiuaras vivem solitários ou em pequenos bandos, normalmente de saqueadores, e não costumam desenvolver sociedades numerosas.

Vira Roupas

A história do Vira-Roupas é mais conhecida na região Nordeste, em estados como Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Características do Vira-Roupas:

Aparência: O Vira-Roupas é descrito como um ser alto, magro, muito esperto e ágil.

Comportamento: Ele é conhecido por infernizar a vida de quem lava roupa fora de casa, em rios ou lagoas.

Sua travessura favorita é manchar roupas com barro, arrancar botões ou simplesmente virar do avesso as roupas que estão secando.

Habitat: Prefere lugares sempre úmidos e lamacentos, como beiras de rios, praias e lagoas.

Atividades: Diverte-se enchendo os bolsos das calças de areia e manchando de preto as roupas brancas e de branco as roupas pretas deixadas pelas lavadeiras.

Vitória Régia

A história da Vitória-Régia é uma das mais belas e conhecidas da região Norte, e está profundamente ligada à cultura indígena amazônica.

A História: Naiá, uma linda jovem indígena, sonhava em se tornar uma estrela no céu.

Ela era apaixonada pela Lua, conhecida como Jaci pelos indígens, que à noite escolhia as mais belas moças da aldeia para transformá-las em estrelas.

Apesar dos avisos dos mais velhos de que ao ser escolhida pela Lua, ela deixaria de ser humana, Naiá estava determinada a alcançar seu sonho.

Sua obsessão era tão grande que ela não queria mais comer nem beber, apenas admirar a Lua.

Uma noite, ao ver o reflexo da Lua brilhando nas águas de um lago, Naiá acreditou que Jaci havia descido para se banhar.

Movida pelo desejo de estar ao lado de Jaci, ela se atirou nas águas, mas logo percebeu que era apenas um reflexo. Tentou voltar, mas era tarde demais e ela acabou se afogando.

Comovida pela trágica história de Naiá, a Lua decidiu transformá-la em uma estrela diferente de todas as outras: uma estrela das águas.

Assim, Naiá se tornou a Vitória-Régia, a planta aquática cujas flores perfumadas e brancas só abrem durante a noite, simbolizando a continuação de seu amor pela Lua. 

Wamoa Apoga-Pot

Wamoa-Apoga-Pot é uma criatura sombria e misteriosa que faz parte do folclore dos Tupari, uma aldeia indígena da região de Rondônia.

O Wamoa-Apoga-Pot é uma entidade malévola que reside nas profundezas da terra indígena dos Tupari, emergindo apenas à noite para se alimentar.

Descrição do Wamoa-Apoga-Pot:

Aparência: O monstro é descrito com cabelos compridos e despenteados, olhos esbugalhados, orelhas pontudas e dentes pontiagudos.

Comportamento: Ele paira sobre as malocas ao luar, impondo medo e terror entre os habitantes da aldeia.

Transformação: O Wamoa-Apoga-Pot tem a habilidade de se transformar em um animal feroz, aumentando ainda mais seu poder de aterrorizar suas vítimas.

Consequências: Caso não receba oferendas, ele pode ficar irritado e espalhar morte e doença entre o povo.

Proteção Contra o Wamoa-Apoga-Pot: Para afastar os males causados pelo Wamoa-Apoga-Pot, os Tupari realizam rituais sagrados. Eles queimam certas ervas e oferecem oferendas, práticas que são acreditadas para manter o monstro à distância e proteger a aldeia.

Xundaraua

A Xundaraua é uma história que vem de diversos mitos africanos e indígenas, e é muito semelhante ao peixe-boi, só que em proporções gigantescas, comparáveis às criaturas da mitologia greco-romana.

Com cerca de dois metros, duas nadadeiras e parecida com um peixe-boi, Xundaraua, a madrinha da pesca, é respeitada pelos pescadores ribeirinhos do Rio Amazonas.

Traz sorte e prosperidade para quem a avistar.

Poderá até pescar peixe-boi da Amazônia, mas nunca poderá matar o primeiro peixe pescado, devendo devolvê-lo ao rio, quem não respeitar essa regra terá sua canoa virada e será devorado ferozmente por Xundaraua

Se alguém conseguisse matar uma Xundaraua, teria sorte pelo resto da vida, desde que não matasse o primeiro que avistasse, mas sim o segundo ou terceiro. Isso porque o primeiro Xundaraua sempre deixa a pessoa triplamente amaldiçoada, especialmente se o caçador for da família de alguém que seja.

Ypurê

Ypuré também conhecida como a Senhora da Ganância, é uma história que ecoa pelas profundezas da Amazônia, entre as densas florestas e os rios majestosos.

Essa é a história de uma mulher misteriosa que personifica os perigos da cobiça e do desejo desenfreado por riquezas.

A História de Ypuré: Ypuré era conhecida por seu desejo insaciável por riquezas, o que acabou levando-a a um fim trágico.

Sua ganância a transformou em um ser amaldiçoado da floresta, uma entidade que serve como um aviso contra os perigos da avareza e da ambição desmedida.

Morando numa caverna atrás das cachoeiras do Rio Amazonas, de onde sai na forma de um redemoinho que espalha folhas por todos os lados, apenas após o meio-dia, para assombrar suas vítimas, Ypurê, tem orelhas pontudas, dentes pontiagudos dourados, e usa um vestido comprido para esconder seu rabo.

É a protetora da flora e da fauna e castiga quem mata filhotes de animais.

Ao avistar um grupo de pessoas na mata os segue de longe e desaparece misteriosamente, reaparecendo cada vez mais perto de suas vítimas.

Para evitar a morte e obter seus favores só fazendo um pacto de sangue que será cobrado no futuro onde quer que a pessoa esteja.

Zaori

Zaori é uma fascinante história mais conhecida na região Sul do país.

Os Zaoris são homens que possuem um dom extraordinário, concedido pelo seu nascimento em uma data especial.

Características dos Zaoris:

Nascimento: Os Zaoris são homens nascidos na Sexta-Feira Santa.

Visão Especial: Eles têm olhos que não são comuns, mas sim um par que enxerga todas as riquezas da terra.

Habilidades: Com essa visão mágica, os Zaoris podem localizar tesouros escondidos, minas de ouro e prata, pedras preciosas, e outros objetos de valor, mesmo que estejam enterrados sob muitos metros de terra.

Restrição: Apesar de sua capacidade de encontrar riquezas, existe um porém: eles nunca podem ficar com essas riquezas para si mesmos. Toda a riqueza que encontram sempre deverá reverter para benefício de outrem.

Zumbi

Zumbi no Brasil é uma criação que se baseia no tipo universalmente conhecido do morto-vivo, mas com características próprias.

No Brasil, o Zumbi é uma espécie de fantasma incorpóreo, mas também um cadáver reanimado. Ele é mais “elétrico”.

A palavra “Zumbi” ou “Zambi” tem origem quimbunda e faz alusão a seres espirituais, como fantasmas, espectros e duendes.

A uma vertente da palavra que vem originalmente da religião vodu do Caribe e pode derivar da palavra africana nzambi, que significa deus, ou zumbi, que significa carne.

Certos ramos do vodu haitiano e da África Ocidental, ou vodu, acreditam que um espírito ou feitiço pode trazer um cadáver de volta à vida para realizar trabalhos pesados ou más ações para seu mestre, um feiticeiro.

Existem muitos rituais de zumbis no folclore do vodu e na América do Sul, principalmente no Brasil.

Aparentemente, por causa do descaso do país com os mortos, há muitos cadáveres nas selvas amazônicas, o que pode encorajar a realização de artes malignas do vodu. 

Quanto mais perto a vítima está do Zumbi, mais ele cresce em estatura, inclinando-se para diante de uma forma sinistra.

Um zumbi é o resultado de um ser humano trazido de volta dos mortos, geralmente por artes proibidas ou magia negra, muitas vezes para servir como escravo de um feiticeiro conhecido como “Necromante”.

Lendas do Brasil

Aqui nesta página você encontra informações sobre as 111 lendas constantes do projeto Monstruário - O Universo Extraordnário das Criaturas Lendárias.
Monstruário é uma criação do cineasta Jose Padilha